DÍLI, 08 de fevereiro de 2023 (TATOLI) – Investigadores de diversos países descobriram uma nova espécie de lagartixa-de-dedos-curvados (da taxonomia Squamata, Gekkonidae, Cyrtodactylus), no Parque Nacional Nino Konis Santana, no município de Lautém, região leste do país.
A nova espécie zoológica foi encontrada em agosto do ano passado, durante uma exploração no terreno em parceria com o Museu de História Natural de Lee Kong Chian, de Singapura, com a Conservation International e com o Ministério da Agricultura e Pescas de Timor-Leste.
O chefe do grupo de investigação, Kin Onn Chan, afirmou que o processo de identificação da nova espécie começou com uma análise das características externas: medidas do tamanho do corpo, do comprimento dos membros e da cabeça, do padrão de cores, entre outras características morfológicas.
“Após analisarmos o ácido desoxirribonucleico [ADN] da espécie encontrada, procuramo-lo na literatura publicada e comparamo-lo com espécies existentes. Além de analisar sequências de ADN, também verificamos caracteres morfológicos externos. Desta análise resultou que pudemos determinar que estávamos perante uma nova espécie de lagartixa”, informou Kin Onn Chan, à Tatoli, via email.
O investigador informou ainda que a nova espécie foi designada por Cyrtodactylus Santana, em referência ao Parque Nacional Nino Konis Santana, onde foi encontrada, e na senda de uma homenagem ao ex-Comandante das forças armadas da resistência timorense (FALINTIL) entre 1993 e 1998, Nino Konis Santana, pela sua dedicação e sacrifício em prol da independência do país.
Kin Onn Chan sublinhou ainda que a atribuição do nome a uma nova espécie geralmente reflete, na sua designação científica, fatores como a sua aparência, o seu comportamento, o local onde foi encontrada ou por vezes o nome de uma pessoa influente de alguma forma ligada à nova espécie, como foi o caso.
“Neste caso, o nome Santana reflete tanto o local onde foi encontrado como uma homenagem a Nino Konis Santana. Sugeri o nome e o resto da equipa de investigação concordou”, explicou.
Chan desejou que possam existir no futuro novas espécies para serem identificadas, com base nos resultados dos seus estudos, bem como nos de outras investigações de outros cientistas. “Estou certo de que há muitas mais espécies novas que ainda não foram descobertas e identificadas em Timor-Leste”.
O dirigente informou ainda que há vários anos a equipa de investigação tinha descoberto uma nova espécie de lagartixa na ilha de Ataúro, mas não foi totalmente identificada, processo este que está em andamento nas estruturas científicas apropriadas. A designação taxonómica não é, geralmente, um processo rápido.
“A lagarta de Ataúro pode ser da mesma espécie [Cyrtodactylus]. Acho que a nova espécie existe noutros locais de Timor-Leste, mas ainda não foi descoberta, uma vez que ainda estamos a trabalhar e esperamos obter alguns resultados nos próximos meses”, frisou Chan.
O chefe do grupo de investigação confessou que foi emocionante descobrir uma nova espécie que anteriormente era desconhecida pela ciência, revelando que “a descoberta representa também outra linhagem que pode ser acrescentada à árvore da vida e contribui para a nossa compreensão geral da biodiversidade de Timor-Leste e da região”.
De acordo com os planos, Chan e os seus colegas planeiam realizar mais explorações zoológicas no Parque Nacional Nino Konis Santana, bem como em outras partes do país.
Timor-Leste é considerado como um território ainda virgem no tocante à descoberta e identificação de novas espécies, quer do ponto de vista zoológico, quer da perspetiva de outras ciências. No caso específico da paleontologia, por exemplo, a recente descoberta de uma nova tipologia de rocha colocou Timor-Leste no panorama da investigação e produção científica internacional.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus
