DÍLI, 23 março de 2024 (TATOLI) – A frase acima pautou, de uma maneira geral, o tom do debate no seminário O povo de Timor-Leste vai defender e promover os interesses do povo Saara Ocidental e a integridade territorial como país soberano, organizado pelo Movimento de Solidariedade e Apoio ao Saara Ocidental em Timor-Leste (MSASOTL) que hoje o 48.º aniversário da independência do povo sarauí. A frase é de Feliciano da Costa e foi proferida no edifício da Yayasan HAK, organização da qual é Diretor-Executivo.
Interveniente naquele seminário, o Embaixador do Saara Ocidental em Timor-Leste, Malainin Boibuat, afirmou que o povo do Saara Ocidental ainda está a lutar pela sua independência e conta com o apoio do Estado timorense.
“Agradeço ao MSASOTL, ao Estado e ao povo de Timor-Leste e à sociedade civil pelo seu interesse em acompanhar os esforços do povo sarauí na luta pela independência”. Malainin Boibuat foi perentório: “atualmente, o país colonial marroquino não reconhece a nossa independência e continua a invadir o nosso território”.
Feliciano da Costa urgiu os líderes timorenses “a não estarem de olhos fechados sobre a situação que o povo sarauí tem enfrentado na exploração dos marroquinos”.
O dirigente questionou igualmente a ONU, organização que, segundo o mesmo, “fala sobre direitos humanos, mas apenas em papel”. Concluiu, exortando os universitários a manifestarem solidariedade ao povo sarauí.
Precisamente, Anjania Andrade Fernandes, na qualidade de representante da MSASOTL, informou que estudantes timorenses criaram um movimento para apoiar o povo do Saara Ocidental na luta pela sua autodeterminação.
A seu ver, “a história de resistência e a relação do povo Timor-Leste e do Saara Ocidental são fortes. Segundo a declaração do fundador do Sahara Ocidental, Muhammad Abdelaziz, o Povo de Timor-Leste e o Povo do Saara Ocidental são ‘povos gémeos’. Por isso, damos a nossa solidariedade ao povo saarauí que ainda está a sofrer”.
A título informativo, refira-se que povo sarauí proclamou unilateralmente independência, enquanto colónia espanhola, a 27 de fevereiro de 1967. Quando, em 1975, a Espanha abandonou a sua antiga colónia, deixou atrás de si um país sem quaisquer infraestruturas, com uma população desprovida de tudo. O vazio criado por Espanha foi aproveitado pela Mauritânia e por Marrocos para, sob a batuta da invocação de direitos históricos, invadirem o território. Após a derrota das forças mauritanas face aos sarauis, Marrocos acabou por ocupar todo o território e tem dificultado a realização de referendos.
Em 1987 uma missão da ONU visitou a região para averiguar a possibilidade da realização de um referendo sobre o futuro do território, uma iniciativa considerada difícil uma vez que grande parte da população é nómada.
De salientar que o Governo timorense doou, no ano passado, 60 mil dólares à Representação Permanente do Saara Ocidental em Díli e a antiga Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Adaljiza Magno, reafirmou o apoio total de Timor-Leste à independência do Saara Ocidental.
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Jornalista: Domingos Piedade Freitas
Editora: Maria Auxiliadora