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Falta de tecido para o tais singular e identitário preocupa

Falta de tecido para o tais singular e identitário preocupa

Exposição do Tais de Timor. Fotografia da Tatoli/António Daciparu.

DÍLI, 05 de abril de 2024 (TATOLI) – A UNESCO reconheceu, em dezembro de 2021, os padrões gráficos do tais como património cultural imaterial. Considerou-se que os padrões dos desenhos imbuídos no tais timorense são singulares e evidenciam uma identidade etnográfica muito própria da cultura de Timor-Leste.

As formas geométricas únicas cuidadosamente geradas no tais, todavia, são apostas, desejavelmente, no algodão tradicional, manual e secularmente plantado no território timorense, intencionalmente colhido para os teares produtores do tais. E é este tecido – o algodão orgânico plantado sem o auxílio de maquinofaturas e sem interferência de fios sintéticos – que tem faltado para a produção do genuíno tais timorense. Foi esta a preocupação de Agostinha Soares, Coordenadora do Grupo Tais Lafaek, com sede em Díli, para quem o tais só é verdadeiramente singular e identitário se se juntar ao padrão o tecido original.

Em entrevista à Tatoli, a dirigente contou que, para a produção do tais, o grupo vê-se obrigado a comprar fios de algodão importado da Indonésia, numa loja na capital, ao preço de 15 dólares americanos por cada pacote de seis unidades.

Agostinha Soares, no Mercado Tais, em Colmera, detalhou algumas circunstâncias da sua preocupação: “já plantamos algodão num terreno de meio hectare no suco de Lauhata, município de Liquiçá, mas isto não é suficiente. Por isso, estamos à procura de sementes. Esperamos que o Governo nos possa apoiar com sementes de algodão para, desse modo, reduzirmos a nossa dependência do algodão importado”.

A tecelã especificou que existem diferenças nos interesses dos compradores conforme a nacionalidade. Por exemplo, os timorenses preferem o tais com algodão importado, mas os turistas preferem o algodão tradicional.

No que toca aos preços de venda do tais feito com algodão tradicional, segundo Agostinha Soares, o grupo vende cada peça por um preço entre os 25 e os 80 dólares americanos consoante o tipo e tamanho. Questionada sobre os proveitos, a dirigente informou que, em geral e num mês bom, se recebe cerca de 500 dólares, mas depende sempre dos compradores, ao ponto de, “às vezes não ganharmos dinheiro durante um dia inteiro”.

Nesta senda, a representante da Timor Aid, Maria do Céu, afirmou que os tecelões deveriam ter a iniciativa de cultivar algodão em terrenos próprios, domésticos ou rurais, visando não depender de apoios governamentais ou de outras organizações locais ou internacionais.

Maria do Céu explica genericamente a receita e o possível apoio da sua organização: “deveríamos ter hábitos de cultivo do algodão, até porque cresce rapidamente em comparação com outros produtos agrícolas. A nossa tarefa é trabalhar em conjunto com as redes de tecelagem, é preservar e recolher os tais originais do país”. Adjudica, porém, aos produtores de tais uma responsabilidade: “se precisarem de sementes, deveriam apresentar uma proposta ao Executivo”.

Maria do Céu recordou que a Timor Aid tinha reunido com as autoridades de Oé-Cusse para a criação de um museu de tais e de um centro de plantação de algodão, especificamente na zona de Oe-Nuno.

Notícia relacionada: Deputadas alertam para a falsificação do tecido do Tais

Jornalista: Afonso do Rosário

Editora: Isaura Lemos de Deus

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