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Lúcia Corte-Real: na passagem do varrer e limpar para o ler e escrever, venceu a vontade de aprender

Lúcia Corte-Real: na passagem do varrer e limpar para o ler e escrever, venceu a vontade de aprender

Lúcia Corte-Real

DÍLI, 13 de setembro de 2023 (TATOLI) – “Não sabia ler, nem escrever, mas tinha vontade de aprender”, assim o diz hoje Lúcia Corte-Real uma mãe de 51 anos, de Díli, “ao contrário de há alguns anos, agora leio e escrevo bem”. Lúcia apercebeu-se que o acesso à leitura e à cultura escrita a faria uma pessoa melhor, mais evoluída. A consciência de ser iletrada incomodava-a. A vontade existia, as condições surgiram, e nelas Lúcia teve intervenção e a promoção profissional acabou por ser quase um efeito inevitável. Lúcia Corte-Real é exemplo de que nunca é tarde para aprender, mesmo competências de literacia normalmente associadas a crianças novas em idade escolar.

A história conta-se assim: entre 2006 e 2011, trabalhou como funcionária de limpeza no Ministério da Justiça. Mas, nesse ínterim, tomou uma decisão que lhe viria a mudar a vida profissional: aprender a ler e a escrever. Em 2008, Lúcia Corte-Real pediu autorização ao seu superior para participar numa formação no âmbito do Programa de Alfabetização Sim, eu posso, uma cooperação entre Cuba e Timor-Leste materializada num curso que decorreria durante nove meses no Centro Comunitário de Aprendizagem de Becora.

“Não tinha vergonha de ser analfabeta, mas tinha a certeza de que um dia iria saber ler e escrever. Por isso, assim que houve uma oportunidade, aproveitei-a. Na verdade, sempre considerei que a aprendizagem é importante para o crescimento profissional e pessoal. Devemos desenvolver as nossas competências, aprender a tomar boas decisões e, acima de tudo, a ser uma melhor pessoa melhor. A aprendizagem deu-me tudo isso”.

Lúcia Corte-Real conta que foram nove meses intensos. Em casa, tinha de pedir à filha e a outros familiares para que a ajudassem a desenhar e a memorizar as letras maiúsculas e minúsculas. Mas graças ao Programa de Alfabetização, diz Lúcia, “a minha vida começou a mudar”. “Desde 2019, sou secretária na Direção-Geral dos Serviços de Registos e Notariado, do Ministério da Justiça. O programa mudou totalmente a minha profissão: de empregada de limpeza para a secretária, de analfabeta para funcionária pública”.

Para Lúcia, “se houver vontade de aprender, as oportunidades aparecem“, por isso, aconselha todas as pessoas que ainda não sabem ler nem escrever a frequentar formação, acrescentando que há programas específicos para analfabetos.

Segundo o coordenador do Programa de Alfabetização no município de Díli, Felismino de Araújo, está a ser preparada uma campanha de sensibilização em cinco postos administrativos da capital para motivar os timorenses a aprender a ler e a escrever.

De acordo com os resultados dos Censos de 2015, cerca de 253 mil pessoas com mais de 15 anos foram classificadas como analfabetas, ou com baixos níveis de alfabetização, e mais de 17.500 pessoas foram consideradas alfabetizadas, graças à campanha nacional do programa de alfabetização do Governo cubano. Lúcia Corte-Real não está mais no primeiro grupo e declara-se orgulhosa por pertencer ao segundo.

Jornalista: Afonso do Rosário

Editora: Isaura Lemos de Deus

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