DÍLI, 17 de março de 2023 (TATOLI) – O Presidente da Associação Médica Veterinária de Timor-Leste (AMVTL), Antonino do Carmo, afirmou que, entre 2019 e 2022, a peste suína africana (inofensiva à saúde humana) matou aproximadamente 150 mil porcos e afetou economicamente mais de 40 mil famílias no país.
Antonino calcula que as mortes de porcos causados pela epidemia resultaram num prejuízo na ordem dos 90 milhões de dólares americanos, visto que os criadores de porcos não puderam comercializar os animais.
Os números constam num relatório, apresentado durante a primeira conferência científica da área da veterinária realizada em Timor-Leste, que aconteceu em Díli, entre os dias 14 e 16 deste mês, no Hotel Timor.
De acordo com Antonino, registaram-se as primeiras mortes em 2019, envolvendo um número significativo de suínos, devido à falta de testes de diagnóstico e, por esta mesma razão, à incapacidade de diferenciar o surto da peste de outros vírus suínos.
No mesmo ano, devido à falta de laboratórios em Timor-Leste, algumas das amostras foram para a Austrália para serem testadas. “Isto demorou demasiado tempo, o que contribuiu para a proliferação da epidemia da peste e mortes de animais”, referiu o presidente da AMVTL.
Transmitida por um vírus, a peste suína é altamente infeciosa. O contágio pode-se dar pelo contacto dos animais com outros infetados, incluindo cadáveres, alimentos, água ou instalações contaminadas, roupas, calçados, equipamentos de indivíduos que estiverem com porcos doentes.
Segundo Antonino, somente em 2022 é que a epidemia foi controlada. “Descobrimos mais três pequenos surtos. Cada um foi investigado e diagnosticado rápida e eficazmente. De seguida, iniciaram-se os processos de vigilância e rastreio até localizar a provável fonte original da doença. Com este trabalho, conseguimos evitar a perda de mais porcos em vários locais”, contou o veterinário.
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A prevenção envolve a separação e limpeza das instalações nas diferentes fases de criação; cercas adequadas que evitem a entrada de animais; desinfeção dos veículos que transportam os porcos; conhecimento da origem de animais adquiridos e quarentena dos mesmos; utilização de luvas descartáveis, higienização das mãos e botas das pessoas que lidam com os animais.
Devido à doença, Timor-Leste chegou também a deixar de importar carne de porco da Indonésia, da China e das Filipinas.
Recentemente, a Austrália disponibilizou mais de 3,5 milhões de dólares (australianos), ou seja, mais de 2,3 milhões de dólares americanos, para o Governo de Timor-Leste. O montante deve ser investido em programas veterinários para melhorar o processo de diagnóstico, reforçar o potencial e estrutura do laboratório do Estado, apoiar custos operacionais e ainda ajudar na implementação do programa de epidemiologia.
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Equipa da TATOLI