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Ramos Horta: Temos falhado com as mães e os bebés deste país

Ramos Horta: Temos falhado com as mães e os bebés deste país

Presidente timorense, Ramos Horta. Imagem da TATOLI/António Daciparu.

DÍLI, 10 de junho de 2022 (TATOLI) – O Presidente da República, José Ramos Horta, apela ao Governo, ao Parlamento, aos parceiros de desenvolvimento e ao setor privado que se foquem no combate à desnutrição infantil e no acesso à educação pré-escolar.

“Vamos trabalhar em conjunto, sem exceção, para que em Timor-Leste nenhuma criança morra à nascença, para que sejam saudáveis e vivam num ambiente seguro”, apelou Ramos Horta, no âmbito da reunião dos parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste.

O Chefe de Estado pediu o esforço de todos na redução da má nutrição, especialmente nos três primeiros anos de vida e acrescentou que o amamentação tem diminuído.

“Encorajo o Governo a adotar urgentemente o Código de Aleitamento Materno da OMS. A combinação da pobreza com a ignorância e a desenfreada promoção comercial de fórmulas de leite artificial desempenha um papel crítico na propagação do nanismo entre os nossos filhos”.

No que toca ao acesso ao pré-escolar, Ramos Horta refere que é necessário construir uma base forte para que as crianças se desenvolvam e não abandonem a escola.

O Chefe de Estado explicou que quase metade das crianças timorenses estão subnutridas e têm quatro vezes mais probabilidades de morrer, acrescentando que foram cognitivamente pouco desenvolvidas e que o mais provável é que continuem a ficar doentes devido ao fraco do sistema imunitário.

“As crianças timorenses têm menos probabilidades de completar a sua educação, devido ao baixo QI. É importante assegurar que as crianças de 3 a 5 anos sejam matriculadas no pré-escolar”.

Atualmente, segundo Ramos Horta, 75% das crianças não frequentam o pré-escolar e 56% com menos de cinco anos tem problemas de saúde e de aprendizagem.

O Chefe de Estado lembrou que, no 20.º aniversário da independência, o país celebrou os progressos alcançados, “mas com coragem e humildade também devemos refletir sobre as nossas falhas. E refiro-me a nós, líderes timorenses de todas as épocas, que temos falhado com as mães e os bebés deste país”.

Ramos Horta frisou que Timor-Leste tem recursos financeiros adequados, mas que metade das crianças vivem abaixo do limiar de pobreza e a taxa de mortalidade neonatal é a mais elevada da região, considerando estes dados “simplesmente inaceitáveis”.

“Investimos fortemente na eletricidade, que cobre agora 96,1% da população, investimos em estradas nacionais e no capital humano. A esperança média de vida à nascença melhorou desde 2002. Nessa altura, tínhamos 20 médicos timorenses, hoje temos mais de 1.100. Mas, de alguma forma, na corrida ao desenvolvimento deixamos os nossos filhos e mães para trás”, recordou.

Ramos Horta sublinhou que o Governo deve alocar um montante maior no orçamento para combater a desnutrição infantil e criar em cada suco uma escola pré-escolar.

“Permitam-me que aproveite esta oportunidade para partilhar que vou lançar um modelo de pré-escolar no Palácio Presidencial. Já pedi à minha equipa que estabelecesse um Grupo de Desenvolvimento da Primeira Infância, presidido pelo Gabinete do Presidente, que incluirá todos os ministérios da tutela, parceiros de desenvolvimento e organizações da sociedade civil”, concluiu.

Jornalista: Domingos Piedade Freitas

Editora: Maria Auxiliadora

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