DÍLI, 10 de maio de 2025 (TATOLI) – No Fórum Diálogo de Díli 2025, organizado pelo Conselho de Imprensa, este ano sob o tema O impacto da Inteligência Artificial na Liberdade de Imprensa e nos Meios de Comunicação Social, o Primeiro-Ministro (PM), Xanana Gusmão, alertou para os riscos da Inteligência Artificial (IA) na disseminação de desinformação, por meio da publicação de conteúdos falsos nas redes sociais.
Xanana disse que o evento incentiva ao diálogo e ao debate entre os cidadãos, contribuindo para a liberdade de expressão e para a construção de um Estado democrático.
“A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta que ajuda os profissionais de comunicação social no seu trabalho, mas é também um risco para esta profissão, já que pode comprometer a sustentabilidade financeira das agências e das organizações do setor”, afirmou Xanana Gusmão.
Segundo o PM, o jornalismo deve ser feito com responsabilidade e não pode depender apenas da IA: “O poder da informação pertence ao nosso povo, não a um pequeno número de estrangeiros que controlam a internet. Isso enfraquece a democracia, a coesão social e a soberania”.
O Primeiro-Ministro destacou ainda a necessidade de se regulamentar o uso e o desenvolvimento da IA, apesar de reconhecer que o atual cenário é uma realidade inevitável e que pode mudar a sociedade.
“A IA tem de apoiar o jornalismo, mas não substituí-lo. Podemos usá-la para contar a nossa história, mas ela não pode ser uma ferramenta de manipulação política. Estamos a enfrentar um desafio que é global. Não há uma máquina que substitui a experiência humana e um jornalismo verdadeiro. A IA pode divulgar informações, mas não deve tirar a capacidade dos jornalistas para se defenderem como profissionais, honestos e independentes”, disse.
Xanana referiu que, num país frágil e de pós-conflito, os meios de comunicação social desempenham um papel vital, fornecendo informações à população e contribuindo para a paz e para a identidade nacional.
O PM apelou a todos os jornalistas que trabalhassem com base na verdade, considerando que a democracia depende dos factos, referindo a necessidade de mudar a mentalidade da população, sobretudo em relação à publicação de declarações que se tornam virais.
O Chefe do Governo admitiu que a IA pode beneficiar serviços públicos, como a educação e a saúde, acrescentado que a presença do cabo submarino permitirá à população participar na economia digital, partilhar a história, a cultura e o progresso com o mundo.
No entanto, também alertou para os riscos que a IA representa: “Podemos usar as redes sociais, mas devemos manter uma imprensa honesta, transparente e independente. A IA pode criar conteúdos conspiratórios e imagens e vídeos falsos, por isso, temos de estar atentos. O sistema da IA é alusivo ou enganoso, inventando factos na internet como se fossem verdadeiros. Temos de questionar a veracidade daquilo que lemos”, concluiu.
Jornalista: Jesuína Xavier
Editora: Maria Auxiliadora