DÍLI, 15 de agosto de 2023 (TATOLI) – Foi em 2018 que se apaixonou, nos corredores da faculdade, pela língua coreana, uma paixão que a levaria em 2019, até à Coreia do Sul, onde permaneceria durante um ano, fruto de um acordo de cooperação entre a UNTL e uma outra universidade na capital do país, Seul. De aluna a formadora de língua coreana no Centro de Estudos Coreanos, em Díli, Ofélia Sampaio, de 26 anos, hoje ganha prémios a representar Timor-Leste, como aconteceu recentemente no 27.º Concurso Mundial de Discurso em Língua Coreana, e fala sobre a importância da aprendizagem de línguas estrangeiras por vias informais como a leitura, vídeos do youtube ou música.
O ano em Seul permitiu a Ofélia Sampaio concretizar dois sonhos: aperfeiçoar o conhecimento da língua coreana e conhecer a capital do país, sonhos que estava longe de sonhar quando aconteceu o primeiro contacto com a língua coreana, em 2018, ano em que já tinha ingressado no Departamento de Comércio e Turismo, na Faculdade da Economia e Gestão da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL). Foi em 2019 que, fruto da cooperação entre aquela instituição e a Universidade Nacional de Chonnam, na capital do país, teve oportunidade de viver na Coreia do Sul e estar mais próxima da cultura do país e dos benefícios que isso representaria para o seu trabalho de aprendizagem da língua.
No departamento de Comércio e Turismo da UNTL “tive uma disciplina de língua coreana, desde aí o meu contacto com o idioma manteve-se, através da formação que frequentei, em período noturno, no Centro de Estudos Coreanos na UNTL, após terminar as aulas na faculdade”, lembra a jovem.
Além das aulas formais, revela que procura sempre outras fontes para aprender, num registo autodidata, nomeadamente, através de músicas e filmes coreanos, ou livros também no idioma asiático.
Filmes e outros conteúdos sobre a cultura, gastronomia ou estilo de vida dos sul-coreanos serviram-lhe de motivação para manter viva a chama de continuar a aprender coreano, mais e melhor, após o regresso da Coreia a Sul ao país de berço, Timor-Leste.
Embora destaque que a estadia em Seul lhe trouxe muitas mais-valias e um acréscimo de conhecimento, confessa que ainda sente dificuldades na interação com nativos da Coreia do Sul. Contudo, encara essa realidade como um desafio para continuar a aprender. “Ler e escrever corretamente em língua coreana foi um desafio que, com a ajuda e a orientação dos professores e formadores, consegui superar” recorda, confiante de que superará também os obstáculos que partilha ainda hoje sentir ao comunicar com falantes nativos.
A paixão pela língua e a dedicação à aprendizagem tiveram frutos e, atualmente, Ofélia Sampaio é formadora de língua coreana no Centro de Estudos Coreanos, em Díli, função que desempenha há três anos.
Como formadora realça que existem várias metodologias possíveis para o ensino do idioma, e que estas dependem das escolhas de cada docente, mas defende para quem ensina o mesmo que advoga para quem está a aprender, estratégias que transcendem os cursos em centros de formação. “Existem outras possibilidades complementares como a visualização de filmes, a leitura, ou ouvir músicas no mesmo idioma”. Por outras palavras, aprender coreano por vias informais é uma mais-valia no aprofundamento daquele idioma e, no seu entender, depende apenas da vontade de cada um encontrar formas de superar as dificuldades de aprendizagem de uma língua estrangeira.
A aprendizagem e o reconhecimento em forma de prémio
A ainda estudante universitária foi distinguida no início deste mês (4 de agosto) como melhor oradora, ao apresentar um discurso em coreano no 27.º Concurso Mundial de Discurso em Língua Coreana, organizado pela Embaixada da Coreia do Sul, em Singapura, naquela que foi a terceira participação de Timor-Leste.
Ofélia Sampaio apresentou um discurso intitulado “Experiência com a Onda Coreana”. A expressão “Korean Wave” (Onda Coreana em português) é regularmente utilizada para fazer referência à crescente popularidade da cultura sul-coreana em todo o mundo, abrangendo diversos elementos como música, filmes, moda, programas de televisão, e outros.
Foi também através desta ‘onda’ que “fiquei interessada pela cultura da Coreia do Sul e pelas eventuais possibilidades de colaboração deste com Timor-Leste”.
Conta ainda que “antes de participar no evento, os concorrentes são avaliados através de vídeos em que cada interveniente revela o seu conhecimento de coreano, e eu escolhi falar sobre a minha experiência de aprendizagem”. Neste caso, escolheu abordar o percurso da aprendizagem da língua, abordando principalmente as múltiplas possibilidades metodológicas.
Relativamente ao bom desempenho na competição, “orgulhosa” por representar Timor-Leste e por garantir a presença do país na próxima competição, a jovem acredita que não se deveu apenas a uma competência inata, mas ao apoio dos seus professores e formadores que a prepararam durante um mês e ainda ao facto de ter características de autodidata, já que como faz questão de reforçar “aprendi a escrever discursos a partir de vídeos do Youtube” em coreano.
O Concurso Mundial do Discurso em Língua Coreana realiza-se anualmente com o objetivo de, como o próprio nome indica, promover a língua coreana. Esta foi a terceira vez que Timor-Leste participou na competição em que marcaram presença mais 19 países da região do sudoeste asiático, com discursos sobre variados temas.
Equipa da TATOLI