DÍLI, 13 de fevereiro de 2023 (TATOLI) – Igor Carvalho, 23 anos, tinha o sonho de ser médico. Entretanto, as circunstâncias da vida fizeram com que ele seguisse por outros caminhos. Atualmente, é estudante na Faculdade de Economia da Universidade João Saldanha, em Díli, mas dentro de cinco meses vai estudar para os Estados Unidos da América (EUA). Agora, sonha em ajudar Timor-Leste a dinamizar o setor da economia.
O jovem está trabalhar na Fundação Ásia, na área de Turismo. Ativo, Igor escreve sobre a área em que está a estudar. Os Sseus textos sobre economia são publicados nas redes sociais (por exemplo, Ekonomia ba Komunidade, no facebook) e partilhados pelos seus professores em alguns websites de universidades dos EUA.
O jovem começou os estudos na Escola Católica de Sagrado Coração de Jesus, em Becora, e terminou o ensino secundário em 2018. Em 2022, durante a formação na Universidade João Saldanha, ganhou uma bolsa de intercâmbio para estudar um semestre nos EUA, através do Global Undergraduate Exchange Program (Global UGRAD).
Igor também foi selecionado para um programa de bolsas (USTL – The United States and Timor-Leste Scholarship Program) e vai continuar os estudos nos EUA. Em agosto, o estudante segue para o país, onde aprofundará os seus estudos e investigação em Economia.
Em ambas as bolsas, foram considerados critérios como o desempenho no ensino secundário e percurso académico, proficiência em língua inglesa, entrevistas e avaliação de perfil online através de questionários.
Para o jovem, não há como alavancar a economia de um país sem que, paralelamente, se melhore também o aspeto social. Nesse sentido, critica as decisões dos governantes timorenses nos últimos 20 anos. Em resumo, o estudante enfatiza que os recursos públicos em Timor-Leste são mal administrados.
Igor destaca que a educação precisa de mais investimentos, sobretudo num momento em que Timor-Leste almeja entrar na ASEAN, o bloco formado por países do sudeste asiático para promover a integração económica e desenvolvimento da região.
Em todo o país, alunos são prejudicados por um sistema precário de ensino, que se reflete, sobretudo, nas escolas públicas. A falta de infraestruturas, as salas de aula sobrelotadas e a falta de professores qualificados são alguns dos problemas. De acordo com o Ministério da Educação (2021), 86% dos estudantes do país têm de frequentar escolas públicas.
O jovem ainda ressalta a necessidade de se acabar com a má nutrição que compromete as capacidades cognitivas das crianças e de se aprimorar o sistema de saúde.
O estudante inspira muitos colegas de várias organizações em Díli por causa do seu esforço incansável nos estudos e nas atividades em que está envolvido. Além do compromisso académico, o jovem desenvolve trabalhos voluntários em Timor-Leste – o que considera como uma das iniciativas mais importantes da sua formação pessoal.
“O voluntariado é uma oportunidade de ajudar os jovens a crescer não só nos estudos, mas sobretudo porque exige desenvolver a capacidade de liderança e a arte de falar em público”, salientou.
Vislumbrar e agarrar outras oportunidades
Igor, que é um dos muitos ema ki’ik (cidadãos com poucas oportunidades) de Timor-Leste, é um dos estudantes para o qual o sistema da educação do país dificultou a concretização do sonho de ser médico. O jovem tentou, porém, não foi admitido no curso de Medicina da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL).
Graças à experiência adquirida em organizações de trabalho voluntário, sobretudo no programa de intercâmbio, Igor percebeu que existiam outras oportunidades e sentiu vontade de contribuir para o desenvolvimento do seu país. “O meu sonho era ser médico, mas a vida deu-me outra possibilidade de contribuir para o desenvolvimento na área de economia.”.
O jovem contou que nos EUA os professores de apoio recebem em casa alunos com dificuldades, onde fazem tutorias se houver dúvidas sobre matérias lecionadas.
“Quando estudei um semestre nos Estados Unidos, os meus professores encorajaram-me a aprofundar os conhecimentos e a investigação em economia, pois Timor-Leste precisa de pessoas capacitadas nesta área para desenvolver o setor”, afirmou Igor.
“Apelo aos jovens timorenses para seguirem os seus instintos e os seus sonhos. Nada é fácil, mas o maior erro dos jovens de hoje é renderem-se antes da batalha. Já experimentei a mesma dificuldade quando não fui selecionado para a UNTL, mas ultrapassei as dificuldades com enorme esforço nas organizações de voluntariado e na minha universidade João Saldanha”, afirmou o futuro economista timorense.
Equipa da TATOLI