DÍLI, 20 de julho de 2022 (TATOLI) – O Centro de Estudo de Cultura e Arte (CECA) da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) apresentou os livros Timor Etnografia e Crossing Histories and Ethnographies: Following Colonial Historicities in Timor-Leste.
As obras estão disponíveis em português e inglês e são de autoria conjunta de escritores timorenses e estrangeiros.
Vicente Paulino, um dos autores, disse que os livros falam sobre aspetos sócio históricos, antropológicos e culturais e ainda literários relativos ao modo de vida dos timorenses durante a época colonial.
O escritor detalhou que um dos capítulos dos livros fala sobre os objetos dos “municionários”, escrito por Frederico Delgado Rosa, as práticas fúnebres específicas da fatalukuense e, noutro capítulo, sobre a colaboração dos “municionários” na segunda guerra mundial, escrito por Susana de Matos Viegas e Rui Graça Feijó.
Os livros pretendem passar em revista também a história colonial, principalmente sob o olhar dos holandeses no período de governação do Governo português em Timor-Leste, capítulo este da autoria de Ricardo Roque.
Noutros capítulos, os autores Andrew McWilliams e Chris J. Sheper debruçaram-se sobre a etnografia timorense, a agricultura e o comércio colonial.
David Hicks, um dos autores, escreveu, baseando-se em textos de arquivos, alguns apontamentos etnográficos sobre Viqueque nos anos de 50 do século passado.
Os livros permitem, entre outros assuntos, abordar também os conflitos inerentes ao costume do barlaque, tema já explorado por Kelly Silva e publicado nos jornais SEARA e A Voz de Timor.
Por sua vez, o autor Ricardo Roque, um dos autores, recordou que a investigação foi feita em 2010 e financiada pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia (FCT), de Portugal. O estudo foca-se na etnografia e antropologia timorense, através de documentários e arquivos em Portugal.
“Os autores recorreram a um levantamento de arquivos escritos, discursos e imagens sobre os costumes, línguas, culturas, entre outros”, afirmou à Tatoli, na Fundação Oriente.
A investigação foi levada a cabo em lugares como a Fundação Mário Soares, a Biblioteca Nacional de Portugal, o Arquivo Histórico-Ultramarino de Lisboa, o Instituto de Estudos Diplomáticos de Macau e a Sociedade Geografia de Lisboa.
O autor explicou que a equipa de investigação fez entrevistas a timorenses e destas resultaram imagens e até alguma documentação encontrada.
“Visitamos locais específicos e tidos como relevantes para a investigação, para podermos confirmar alguns pressupostos contidos em imagens e documentos de modo a saber perspetiva dos portugueses e timorenses”, concluiu.
Jornalista: Jesuína Xavier
Editora: Maria Auxiliadora
