DÍLI, 19 de maio de 2020 (TATOLI) – Os deputados do Congresso Nacional de Reconstrução Timorense (CNRT) decidiram virar a mesa do Parlamento Nacional após o segundo Vice-Presidente, Luís Roberto, a ter tentado ocupar para dar início à sessão plenária.
“É um assalto ao poder. É crime de Estado. O segundo vice-presidente do Parlamento deve responsabilizar-se pelos seus atos, dado que o Presidente do Parlamento, Arão Noé, não lhe deu competências para liderar a mesa”, referiu hoje o vice-chefe da bancada do CNRT, Patrocínio dos Reis, aos jornalistas no Parlamento Nacional.
Segundo o parlamentar, a bancada do CNRT defendeu a posição de não se proceder à destituição de Arão Noé, medida esta que visa salvaguardar as leis bem como os procedimentos legais.
Acrescentou que os deputados da sua bancada parlamentar impediram, desta forma, que o plenário fosse iniciado, virando a mesa do Presidente deste órgão legislativo.
Os momentos de tensão tiveram lugar por volta das 08h15, quando diversos deputados da nova aliança de maioria parlamentar, composta pelo Partido de Libertação Popular (PLP), Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e Kmanek Haburas Unidade Timoroan (Khunto), tentaram ocupar a mesa parlamentar para abrir a sessão plenária, tendo deputados do CNRT virado a mesa de Arão Noé.
Apesar dos momentos de grande agitação que levaram à intervenção de agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) para pôr termo à situação, os deputados do Partido Democrático (PD), União Democrática Timorense (UDT), Frente Mudança (FM) e Partido de Unidade e Desenvolvimento Democrático (PUDD) limitaram-se a observar o incidente.
Os deputados que mais se insurgiram, com gritos e empurrões, foram José Virgílio, Maria Gorumali Barreto e Maria Rosa da Câmara “Bi Soi” da bancada do CNRT, Antoninho Bianco da Fretilin e ainda Regina Freitas do PLP.
Enquanto as bancadas da Fretilin, PLP e Khunto ergueram a voz, afirmando que a votação era legal, o deputado do CNRT, José Virgílio, defendeu a sua ilegalidade. Já os deputados do PD, UDT/FM e PUDD não se envolveram no processo de votação, mantendo uma postura pacífica.
Embora o plenário fosse marcado por vários protestos vindos da bancada do CNRT, a votação final acabou por se realizar sob vigilância dos agentes da PNTL.
Os deputados das três bancadas Fretilin, PLP e Khunto aprovaram a destituição do Presidente do Parlamento Nacional, com 36 votos a favor, zero contra e zero abstenções.
“Não podemos entrar em pânico. A votação teve lugar”, disse a deputada do PLP, Regina Freitas, após a leitura dos resultados da votação final.
A votação, presidida por Nélia Soares Borges, deputada da Fretilin, foi realizada por voto secreto, tendo os deputados da nova maioria parlamentar deixado o seu voto num boletim.
Notísia relevante : Forças políticas timorenses tentam ocupar mesa parlamentar
Jornalista : Zezito Silva
Editora : Maria Auxiliadora