DÍLI, 12 de janeiro de 2024 (TATOLI) – Maria Villar Moreira, de 49 anos, uma agricultora da aldeia de Migir, do posto administrativo de Atabae, do município de Bobonaro, começou em 2017 a cultivar árvores de sândalo no seu viveiro privado na sua terra natal.
Em entrevista à Tatoli, Maria Moreira contou que recolhe sementes de sândalo e semeia-as sozinha, tendo atualmente conseguido plantar 75 pés de sândalo numa área de cerca de 500 metros quadrados.
“Quando era criança entretinha-me a arrancar os pés de sândalo que o meu avô plantava. Agora, que sou adulta, o meu sonho é plantar imensos para substituir os que arranquei. Imagino o meu país cheio de árvores de sândalo. Por isso, estou disposta a disponibilizar sementes a quem quiser plantar sândalos”
A agricultora explicou que, numa fase inicial, aprendeu o processo de cultivo de forma autodidata, contudo, mais tarde, surgiu a oportunidade de receber apoio técnico da Al-Com (Inovações Agrícolas para as Comunidades) e do Ministério da Agricultura, Pecuária, Pescas e Florestas (MAPPF).
A Al-Com é uma organização, que além de facultar apoio técnico a agricultores, em parceria com a Universidade Nacional Timor Lorosa’e e com o MAPPF, leva a cabo diversas investigações sobre o crescimento e o desenvolvimento do sândalo no país com o objetivo de transformar a silvicultura numa nova fonte de rendimento para as comunidades agrícolas.
“Temos dois centros de investigação, um em Natarbora [Manatuto] e outro em Liquiçá, nos quais nos temos debruçado sobre novas técnicas de cultivo de sementes de sândalo, bem como sobre a utilização da hormona ácido giberélico para acelerar a germinação das plantas”, informou o Diretor Técnico da Al-Com, Rob Williams.
O responsável sublinhou que a maioria dos agricultores timorenses utiliza os frutos do sândalo como sementes, mas, desse modo, o processo de germinação é muito lento, chegando a demorar quatro a cinco semanas. Atualmente a Al-Com através da utilização da referida hormona consegue reduzir a germinação para apenas uma semana.
Originário da Índia e da Indonésia, o sândalo é muito apreciado pela própria madeira, que por ser resistente e flexível é ideal para entalhar esculturas, e pelas suas propriedades aromatizantes, de onde se podem extrair óleos vegetais muito usados nas indústrias farmacêutica e cosmética. Estas características, a par da falta de medidas de conservação, contribuíram, na opinião de Rob Williams, para que o sândalo tenha sido, ao longo dos anos objeto de uma intensa exploração económica, resultando na diminuição do número de árvores existentes no país.
A este propósito, recorde-se que o Governo suspendeu a comercialização de sândalo nos últimos dez anos, com o objetivo de permitir o seu crescimento.
O dia 13 de janeiro é o Dia Nacional do Sândalo e das Florestas, estando no seu estabelecimento o intuito de se assinalar o papel central das florestas na manutenção de um ambiente saudável, na conservação da diversidade de animais e plantas e no desenvolvimento económico. O sândalo foi reconhecido como árvore emblemática de valor nacional.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus