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História, língua falada e tradições de Ataúro destacadas em coletânea

História, língua falada e tradições de Ataúro destacadas em coletânea

Foto/José de Sá.

DÍLI, 19 de novembro de 2023 (TATOLI) Investigadores franceses, em colaboração com a Secretaria de Estado das Artes e da Cultura de Timor-Leste, lançaram, ontem, um livro intitulado Lian Rama hana. Istória lian no knananuk Ataúro (Vozes das flechas disparadas. Histórias e canções da ilha de Ataúro), uma coletânea de textos que pretende demonstrar os resultados de uma investigação multidisciplinar levada a cabo em Ataúro.

Esta coletânea é da autoria de uma equipa constituída por Dana Rappoport, Nicolas César, Gabriel Facal, Dominique Guillaud, Ariadna Burgos, Laure Emperaire, Colin Vanlaer, Jean-Christophe Galipaud e Kelly Silva.

O livro apresenta uma coleção de narrativas e canções recolhidas desde 2014, bem como as tradições orais de três grupos de Ataúro (designadamente o Manroni, o Humangili e o Adade) que foram compiladas numa edição multilingue, combinando com língua falada naquela ilha (dadua, rasua, hresuk e raklungu) e as suas traduções em tétum.

Dominique Guillaud, um dos autores, afirmou que o livro é composto por várias coleções de textos de cariz mitológico que contam as origens de Ataúro, que, de acordo com a narrativa, terá saído da superfície do mar com flechas, canções ouvidas do céu e muitas outras histórias que descrevem a cultura extraordinária desta pequena ilha. A obra é completada por 19 textos sobre diversos aspetos da cultura local (gastronomia, poder local e atividade piscatória, entre outros) plasmados na coletânea por investigadores de várias disciplinas científicas (arqueologia, etnobotânica, geografia, antropologia, incluindo eco-antropologia, e etnomusicologia).

“A investigação foi realizada recorrendo a oradores locais para recolher dados para um livro de história. Esperamos que o trabalho possa ter um impacto positivo no povo timorense, especialmente nas gerações de Ataúro, na salvaguarda e valorização da sua história”, afirmou a escritora à margem da cerimónia que teve lugar na Fundação Oriente, em Díli.

Dominique Guillaud salientou ainda que a originalidade do livro reside no espírito de colaboração demonstrado entre os investigadores franceses, os timorenses e as populações locais, que validaram e decidiram a escolha dos textos, com a ajuda de três intérpretes nativos de cada um dos grupos linguísticos.

Joanita do Rego Soares, uma das arqueólogas timorenses envolvidas na investigação, manifestou a sua satisfação pelo facto de o livro ter sido publicado com sucesso graças aos contributos de todos os grupos, especialmente os da comunidade de Ataúro.

“A investigação tem como alvo as comunidades locais e os porta-vozes tradicionais para contarem a história da ilha e os seus costumes, bem como a sua gastronomia, e dialetos locais”, afirmou a investigadora.

A arqueóloga admitiu que a limitação mais sentida na investigação foi a falta de material para identificar mais aspetos históricos, em parte devido ao facto de as populações locais não terem reveladotoda a informação, uma vez que ainda consideram sagrada parte da sua história.

Foram produzidos cerca de mil exemplares que serão distribuídos à comunidade francesa de Ataúro, às bibliotecas escolares em Díli, bem como aos municípios.

A equipa de investigadores é composta por nove franceses e um brasileiro, bem como por cinco timorenses, incluindo alguns da comunidade de Ataúro. O projeto é financiado pelo governo francês e por uma agência de investigação, no valor de mais de 200 mileuros, o equivalente a 218 mil de dólares americanos.

Jornalista: Afonso do Rosário

Editora: Maria Auxiliadora

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