DÍLI, 12 de novembro de 2023 (TATOLI) – O massacre de Santa Cruz em Timor-Leste foi um dos episódios sangrentos durante a ocupação da Indonésia onde um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Díli, a 12 de novembro de 1991, resultou num elevado número de mortos. Para perpetuar a memória daquele massacre, o país assinala, anualmente e a 12 de novembro simultaneamente o Dia Nacional da Juventude e o 32.º aniversário do massacre de Santa Cruz.
O Vice-Primeiro-Ministro, Mariano Assanami Sabino, destacou a importância da solidariedade dos jovens de modo a contribuir para a unidade nacional. “Lembrando a dedicação e sacrifício dos guerreiros, o dia 12 de novembro foi um marco na independência de Timor-Leste, apesar de na altura estar dividido em vários grupos, raças, etnias e partidos, a unidade era muito importante”, afirmou o governante à margem da cerimónia, no cemitério de Santa Cruz, em Díli.
Por sua vez, no seu discurso, o Presidente do Comité 12 de novembro, Gregório Saldanha sublinhou que a celebração foi um momento para lembrar aqueles que se sacrificaram pela libertação do país. “Devemos evitar os conflitos e as divergências entre nós. Temos de trabalhar em conjunto para valorizar os que se sacrificaram”, aconselhou.
Em entrevista à Tatoli, Milénio Culuria, jovem timorense, afirmou que, para ele, a data foi uma reflexão para que a nova geração contribua para a promoção da paz e da estabilidade, que considera ser um pilar importante para a concretização dos objetivos de Estado, em particular no desenvolvimento e bem-estar dos cidadãos. “Considero que isto [promover a paz e manter a estabilidade], é muito importante, uma vez que os jovens são obrigados a contribuir para o desenvolvimento nacional de uma forma educativa”, afirmou Milénio.
A mesma ideia foi reforçada pela jovem Geovania Bento. Para ela, Timor-Leste é um país novo em transição para o desenvolvimento. No seu entender, para que o país progrida é necessário que os jovens mantenham a paz e a unidade na família e na sociedade.
Na mesma esfera de pensamento, Domingas Guterres disse que “os jovens do passado contribuíram para a libertação do país e a geração atual deve contribuir para o desenvolvimento através da formação, tanto formal como não formal, uma vez que a educação pode mudar o bem-estar de um país e do seu povo”.
Estiveram presentes na cerimónia, o ex-Presidente da República, Francisco Guterres ‘Lú Olo’, representantes de embaixadas de diferentes países, deputados, membros do Governo, familiares dos combatentes do 12 de novembro e público em geral.
Recorde-se que, imediatamente antes do Massacre de Santa Cruz, a 12 de novembro de 1991, tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL), e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens, motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia e demostraram o seu apoio à independência do país.
Neste dia, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja do Santo António de Motael, onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes, até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e mais 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes. Até 2012, a localização de muitos corpos continuava ainda a ser desconhecida.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus