DÍLI, 11 de setembro de 2023 (TATOLI) – Respeitar e garantir a liberdade de imprensa e de expressão dos profissionais de comunicação social em Myanmar é uma das recomendações do Fórum de Diálogo de Díli à junta militar que lidera o país desde fevereiro de 2021, na sequência de um golpe de Estado. Quem o afirma é o Presidente do Conselho de Imprensa (CI), Otélio Ote, à margem da divulgação dos resultados do Fórum de Diálogo de Díli, organizado pela instituição, no início deste mês, para dar resposta à atual situação política em Myanmar, especificamente no que à falta de liberdade de imprensa vivida pelos jornalistas naquele país diz respeito.
“Este pedido é uma das conclusões do Fórum de Diálogo de Díli, que decorreu no início deste mês, e no qual participaram vários parceiros internacionais. Exortamos o Governo de Myanmar a dar aos meios de comunicação social a liberdade de trabalhar sem nenhuma ameaça”, afirmou Otélio Ote, em Díli.
Benevides Barros, um dos membros do Conselho de Imprensa, enfatizou que é importante a instituição a que pertence expressar solidariedade para com os jornalistas birmaneses, porque, segundo consta, têm sido alvo de intimidações, ameaças e perseguições por parte da Junta Militar.
“Estamos preocupados com a situação vivida pelos profissionais dos órgãos de comunicação social em Myanmar, porque, atualmente, não estão a exercer as suas profissões como jornalistas e alguns tiveram mesmo de se refugiar na Austrália devido a intensas pressões, intimidações e detenções em Myanmar que os obrigaram a abandonar o país”, informou.
Na verdade, um relatório da Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) publicado pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), indica que, desde o golpe militar de fevereiro de 2021, foram detidos pelo menos 176 jornalistas, quatro dos quais foram mortos e 47 pessoas estão sob custódia policial.
O dirigente pede às autoridades birmanesas que respeitem a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão em Myanmar, bem como aos jornalistas de outros países asiáticos para que defendam os direitos humanos. A este respeito, o mesmo relatório da AAPP aponta que, desde maio, pelo menos 18.417 pessoas encontram-se atualmente detidas por delito de opinião, sendo que 6.106 das quais estão a cumprir penas.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus