DÍLI, 25 de agosto de 2023 (TATOLI) – A produção agrícola é crucial para garantir a segurança alimentar em Timor-Leste, sobretudo a do arroz por estar na base da dieta do povo. Esta é a opinião do Decano da Faculdade de Agricultura da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), Vicente de Paulo Correia.
“O desenvolvimento do setor agrícola em Timor-Leste ainda é tradicional e, por isso, o Executivo deve definir uma política que contemple o efetivo desenvolvimento do setor agrícola de modo a reduzir as importações e contribuir para garantir a segurança alimentar no país”, disse o decano, à Tatoli, em Díli.
Para Vicente Correia, o Ministério de Agricultura, Pecuária, Pescas e Florestas (MAPPF) deveria trabalhar em parceria com organizações não-governamentais para melhorar o sistema de produção agrícola e facultar formação a agricultores sobre técnicas de cultivo e de gestão de recursos.
“O Governo deveria também criar uma empresa pública que apoiasse o setor agrícola, deveria, igualmente, trabalhar em parceria com empresas privadas e agências internacionais para desenvolver projetos agrícolas que permitam aos agricultores colher os seus produtos duas vezes por ano”, disse Vicente Correia.

Na opinião do Diretor-Executivo do Fórum das Organizações Não-Governamentais de Timor-Leste (FONGTIL), Valentim da Costa Pinto, “para o desenvolvimento da agricultura e do turismo, o Executivo deveria alocar ao Ministério da Agricultura, Pecuária, Pescas e Florestas uma verba que correspondesse a pelo menos 10% do Orçamento Geral de Estado, mais 7% do que tem sido ano após ano”.
Também Rosália de Araújo, Diretora da HIAM Health, uma ONG que se dedica a trabalhar para um país livre do flagelo da desnutrição, disse que o setor agrícola desempenha um papel importante para garantir a sustentabilidade do país. Aconselha o Governo, entre outros, a investir na melhoria dos sistemas de irrigação e em formação sobre o uso de tecnologia moderna que contribua para aumentar a produção.
“Temos fundos petrolíferos para financiar todos os programas do Governo, mas isso não garante a sustentabilidade das finanças do Estado, porque o petróleo e o gás um dia vão acabar, pelo que é importante investir muito no setor agrícola para garantir a sustentabilidade do país”, afirmou.
De acordo com os dados do MAPPF, a área de cultivo de arroz passou de 20.294 hectares, em 2018, para cerca de 37.700 hectares em 2022. Em 2018, a produção de arroz em casca foi de 67.127 toneladas, enquanto em 2022, atingiu 143.006 toneladas. No que toca à produção de arroz, esta cresceu de 40.276 toneladas em 2018 para 85.804 toneladas em 2022.
Recorde-se que o Conselho Nacional de Segurança Alimentar de Timor-Leste e o Ministério da Agricultura e Pescas tinham divulgado, no ano passado, os resultados preliminares de um estudo que indicavam que 20% da população timorense, o equivalente a 300 mil pessoas, padeciam de insegurança alimentar aguda.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus