DÍLI, 23 de agosto de 2023 (TATOLI) – A falta de equipamentos e materiais marítimos condiciona a proteção e a vigilância das fronteiras marítimas no país. Quem o afirma é Natalino dos Santos, deputado da bancada do CNRT, que pede ao Governo que seja alocada uma verba adequada às FALINTIL-Forças de Defesa Nacional de Timor-Leste (F-FDTL), sobretudo à componente marítima para que esta possa efetivamente vigiar os recursos naturais e as águas territoriais.
Por ora, o exercício desta vigilância encontra-se altamente limitado, opina aquele dirigente. A possibilidade de um gasoduto da área de extração do gás até à costa timorense torna a necessidade de vigilância marítima mais premente.
“O Governo comprometeu-se a trazer o gasoduto para Timor-Leste e, por isso, entre outras razões, é necessário apoiar as F-FDTL para garantir o controlo das nossas riquezas. Temos recursos humanos suficientes, mas precisamos de mais meios aéreos e navais para patrulhar o nosso mar”, disse o deputado à Tatoli, em Díli.
Questionado sobre a falta de equipamentos e materiais marítimos, o Ministro da Defesa, Donaciano Gomes “Pedro Klamar Fuik”, informou que o Executivo vai priorizar o investimento nas F-FDTL, alocando uma verba no Orçamento Geral de Estado de 2024 que permita desenvolver a componente marítima.
A aquisição de meios aéreos e marítimos é também defendida pelo Comandante da Componente Naval da Força Ligeira, Capitão Flagrante João da Silva. Segundo este, “enquanto os dois barcos de patrulhamento timorenses se encontravam avariados em 2022, o mar de Timor foi alvo de pesca ilegal por pelo menos 60 barcos da Tailândia e do Vietname”.
Também o Chefe de Estado-Maior General das F-FDTL, Tenente-General Falur Rate Laek, à margem do 22.º aniversário das F-FDTL, tinha afirmado que a instituição têm enfrentado diversas dificuldades que têm atrasado o seu desenvolvimento, especificando que “não há um recrutamento regular, não há investimento na aquisição de materiais e de equipamentos, não há melhoria das infraestruturas”.
“Com todas as responsabilidades associadas à Autoridade Marítima, é muito importante investir-se na componente naval para que esta possa controlar e fiscalizar as nossas águas e proteger os nossos recursos naturais”, defendeu.
Já em 2018, o Ministério da Agricultura e Pescas (MAP), tinha registado 107 navios em situação de pesca ilegal no mar de Timor, com 223 toneladas de peixe a bordo, no valor de, aproximadamente, um milhão de dólares americanos. Em 2019, o mesmo ministério reportou 67 barcos a pescarem ilegalmente, com 223 toneladas de peixe, a bordo, com o valor aproximado de 800 mil dólares americanos. De notar que muitas destas embarcações exercem a sua atividade a tão curta distância da costa que se tornam facilmente percetíveis por embarcações timorenses de menor porte.
Notícia relevante: Falur: “Falta de investimento impede desenvolvimento das F-FDTL”
Jornalista: Domingos Piedade Freitas
Editora: Isaura Lemos de Deus