DÍLI, 22 de agosto de 2023 (TATOLI) – Ninguém dúvida que meios digitais que usam comunicação direta e a distância e que o fazem com imagens atrativas e slogans cativantes têm o cunho de um negócio potencial. Se aqueles ocorrem numa plataforma social, meio de comunicação por excelência, onde as pessoas se exprimem e leem, mais facilmente se deduz o potencial comercial. Assim pensaram Marzénio Lopes e Mário Silva, assim o fizeram.
Marzénio Lopes, de 27 anos, de Lautém, é o criador do Mina Moringa Tradicional (M2T), um óleo natural que, segundo o próprio, contribui para atenuar dores musculares de ombros, de estômago e tratar asma, amigdalites e queimaduras. A ideia germinou quando o seu irmão Cristiano frequentou uma formação sobre produção de medicamentos tradicionais num centro religioso em Lospalos. “Iniciamos o negócio em 2022. Como ainda não temos capital para comprar um espaço, alugamos um edifício em Hera, onde produzimos semanalmente mil garrafas de 60 mililitros e duas mil de 100 mililitros”, lembrou orgulhosamente Marzénio Lopes .
Questionado sobre a faturação mensal, Marzénio, não adiantando valores, referiu que o produto tem sido bastante vendido, porque apostou na promoção daquele via redes sociais. Por esse veículo de comunicação, Marzénio recrutou “mais de 40 jovens de Ainaro, Baucau, Covalima, Lautém e Viqueque para promoverem o nosso produto nas redes sociais”. O empreendedor parece ter consciência do valor socioeconómico da iniciativa, quando refere que “além de o publicitarmos, contribuímos para a redução da taxa de desemprego no país, que, como todos sabemos, é bastante alta, sobretudo entre os jovens”, informou Marzénio Lopes.
Concretizado um primeiro sonho, o empresário quer voar mais alto: quer expandir o seu negócio a outros municípios, mas, diz ele, “a falta de orçamento” tem impedido a sua concretização. Marzénio explicou que o seu irmão, que trabalha atualmente na Austrália, o está a ajudar a angariar fundos para garantir a sustentabilidade do negócio e conseguir enviar, no próximo ano, uma amostra do produto para um laboratório indonésio que teste a qualidade daquele. Para o empresário, um resultado laboratorial que certificasse cientificamente uma constituição química curativa seria uma vantagem.

Não existindo tal laboratório em Timor-Leste, para Marzénio Lopes seria importante que o Governo criasse um devidamente apto a testar a qualidade de produtos e apoiasse mais os jovens empreendedores. A mesma opinião tem Mário Imaculado da Silva, de 30 anos, natural de Viqueque. O jovem acha que o Governo deveria promover o talento dos timorenses, apoiando-os com fundos, implementando o Código dos Direitos de Autor, entre outros.
Mário Silva licenciou-se em Agropecuária na Universidade Nacional Timor Lorosa’e em 2008, mas em 2019 descobriu a vocação para as artes, mais concretamente para a pintura digital. Da paixão à venda, foi apenas um pequeno passo. “Reparei que muitos jovens utilizam as redes sociais como uma plataforma para ganhar dinheiro, por isso, segui o exemplo deles e promovo a minha arte no Facebook”.
O jovem explicou-nos que a pintura digital consiste na utilização de programas digitais, como o Photoshop, ao invés de usar meios tradicionais de pintura, como tintas, pincéis, telas, entre outros, para produzir imagens digitais policromaticamente ricas, esteticamente apelativas e/ou ao gosto dos clientes. Segundo o artista, “dependendo do tamanho, uma pintura custa entre 55 a 60 dólares americanos” e explicou que parte daquele montante é para pagar a impressão da pintura numa tela.
As ideias são muitas e, acrescentou Mário, “gosto de pintar paisagens, locais históricos, imagens alusivas à cultura e natureza de Timor-Leste, líderes e heróis nacionais. Mas o grande problema é que o Governo ainda não implementou o Código dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos e, enquanto isso não acontecer, a autoria das minhas obras não está salvaguardada”.
Já o Secretário de Estado das Artes e Cultura, Jorge Cristóvão, questionado, lembrou que em junho se iniciou uma campanha de sensibilização relativa ao Código dos Direitos de Autor, contudo, lamentou, pois, “não terminou por falta de orçamento”. A respetiva lei, recorde-se, ainda está num período de campanha de divulgação visando dá-la a conhecer ao público em geral antes de se implementar plenamente.
O governante referiu ainda que a Secretaria de Estado das Artes e Cultura está empenhada em apoiar os jovens timorenses que pretendam desenvolver os seus talentos, acrescentando que estes se poderão dirigir à instituição para se candidatarem a fundos.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus