DÍLI, 11 de agosto de 2023 (TATOLI) – A reafirmação do apoio da Embaixada da Indonésia, juntamente com as homólogas da Malásia, das Filipinas, do Brunei Darussalam e da Tailândia, à adesão de Timor-Leste à ASEAN não implica que o país não tenha de cumprir integralmente as obrigações formais, e respetiva cronologia, explanadas no roteiro da adesão do país à ASEAN para se tornar membro de pleno direito da organização. Esta foi, na essência, a mensagem de Okto Manik, Embaixador da Indonésia em Timor-Leste, no âmbito do 56.º aniversário daquela organização regional, que celebrou na Embaixada das Filipinas, no Farol, em Díli,
Okto Manik lembrou os critérios de adesão de Timor-Leste estabelecidos pelos líderes da organização na 42.ª Cimeira que decorreu em Labuan Bajo no ano passado, e garantiu que parte dos “parceiros de desenvolvimento vão auxiliar o Executivo timorense no desenvolvimento de infraestruturas”. O diplomata exemplificou com as embaixadas, com sede em Díli, da Indonésia, da Malásia, das Filipinas, do Brunei Darussalam e da Tailândia como parceiras que se comprometeram a continuar a dar assistência na preparação do processo da adesão de Timor-Leste à associação, sobretudo no que à capacitação dos recursos humanos timorenses diz respeito.
É de salientar que a Indonésia está na presidência rotativa da ASEAN naquilo que pode ser visto com uma vantagem para as pretensões timorenses. Encontros entre o Embaixador indonésio em Timor-Leste e Ramos Horta já ocorreram e entre este último e personalidades ao mais alto nível no país vizinho também já sucederam.
Questionado sobre as declarações do Primeiro-Ministro timorense, Xanana Gusmão, sobre as violações dos direitos humanos perpetrados pela junta militar mianmarense, de que Timor-Leste não se juntaria à ASEAN, se a ASEAN não conseguisse convencer a junta militar em Myanmar [a acabar com o conflito]”, o diplomata referiu que “a resolução de conflitos a curto prazo não é fácil”, acrescentando que “há conflitos na Europa e no Médio Oriente que se prolongam no tempo e ainda não estão resolvidos, tal como o Chefe de Estado, José Ramos Horta, tinha já dito”.
“Vemos pelo mundo vários casos associados à falta de democracia e ao desrespeito pelos direitos humanos que não podem ser resolvidos a curto prazo, tal como o conflito na Palestina, que não ainda foi resolvido e dura há décadas, ou como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que tem causado muitas vítimas”, realçou Oktos Manik.
Na sequência, o diplomata referiu ainda que têm sido vários os membros da ASEAN que disponibilizaram apoio humanitário a Myanmar e que já apelaram à junta militar para pôr fim aos atos de violência, procurando criar um diálogo inclusivo para solucionar o problema.
Recorde-se que a situação política em Myanmar, um Estado-membro da ASEAN, teve recentemente novos contornos envolvendo a junta militar e tidos como preocupantes pela comunidade interna. Aquela Junta, autonomeada na sequência de um golpe de estado, tem ocupado o poder e os destinos do país desde fevereiro de 2021. Na sequência do golpe, mais de 21 mil pessoas foram detidas e foi aprisionada Aung San Suu Kyi, vencedora das eleições do ano anterior, via partido pró-democracia.
Notícia relevante: Medidas da Junta Militar do Myanmar não convencem comunidade internacional: pedida à ASEAN mais intervenção
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus