DÍLI, 20 de maio de 2023 (TATOLI) – Na sequência da comemoração do 21.º aniversário da Restauração da Independência de Timor-Leste, o Presidente da República, José Ramos Horta, destacou a necessidade de o Governo definir planos prioritários nacionais para solucionar os desafios que o país terá de enfrentar nos próximos dez anos. O Chefe de Estado acentuou a ideia de uma visão geoestratégica e de futuro na definição dos planos de desenvolvimento.
“A próxima década será de grandes desafios, riscos, perigos, e de oportunidades. Os líderes terão de saber identificar os grandes desafios, riscos e oportunidades. Os líderes têm de saber definir as grandes prioridades nacionais e manter-se focados nelas”, referiu Ramos Horta, no seu discurso, no Palácio Presidencial, no Bairro Pité, Díli.
O Chefe de Estado afirmou também que, geoestrategicamente, “a dolarização da ordem económica mundial está a ser questionada com a emergência de uma superpotência económica e comercial que importa e exporta globalmente, que domina a digitalização e IA [inteligência artificial], que faz circular globalmente triliões de dólares”.
“Timor-Leste e outros países pobres e de economias emergentes serão colhidos nessa dinâmica mundial. Países que investem fortemente numa educação orientada para este novo ordenamento mundial, dominado pela digitalização e pela IA, recolherão benefícios e vantagens. Uma das lições de sucesso está na cuidadosa identificação dos desafios e definição clara das prioridades e foco na prossecução dessas prioridades com uma forte equipa técnica ou política”, acrescentou.
O Presidente da República realçou também que reunir um Governo de políticos e gestores com base em critérios sólidos de formação técnico-profissional e experiência prática, com historial é outra chave de sucesso. Na base do progresso questionou: “Vamos intensificar a igualdade de género, corrigir os desequilíbrios sociais, eliminar a pobreza extrema e a subnutrição infantil, promover programas de apoio às crianças e à juventude ou vamos assistir ao acentuar das injustiças sociais?”.
Ramos Horta frisou ainda que se deve priorizar o desenvolvimento rural, a pequena e média agricultura para garantir independência alimentar, uma nutrição saudável, água potável e saneamento, saúde e educação de qualidade para todos. “Estes objetivos deveriam ser elevados para o topo da agenda nacional e concretizados com investimento adequado e liderança setoriais de qualidade, com monitorização permanente”, sublinhou.
Benefícios da Adesão de Timor-Leste à ASEAN
O Chefe de Estado afirmou que adesão do país à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) vai oferecer grandes oportunidades e as vantagens óbvias de uma economia regional de mais de 700 milhões de pessoas com um produto interno bruto de quatro triliões de dólares americanos.
Neste quadro, a qualidade dos líderes é essencial, na opinião do Chefe de Estado: “os progressos derivam de lideranças legítimas, competentes, corajosas, com visão e abertura ao mundo, com conhecimentos sólidos de economia, e tudo enquadrado num plano estratégico de desenvolvimento moderadamente ambicioso, com políticas claras, que encorajam o investimento nacional e estrangeiro”.
Segundo Ramos Horta, os atuais recursos não renováveis vão ter de continuar a ser utilizados para financiar a transição para uma economia verde. “Temos de acelerar a implementação do projeto Greater Sunrise, mas o Greater Sunrise e outros não podem ser a ‘vaca leiteira’ para cobrir políticas irresponsáveis”, acrescentou.
“O nosso país está num ranking miserável do Banco Mundial no que concerne a celeridade na aprovação de investimentos. Enquanto em países como Singapura e o Vietname, o processo de ‘A até Z’ desde a entrada e tramitação dos documentos até a sua aprovação demora horas ou poucos dias, em Timor-Leste as instituições do Estado são as obstaculizadoras, travão, dos investimentos”, lamentou.
Jornalista: Domingos Piedade Freitas
Editora: Isaura Lemos de Deus