DÍLI, 03 de maio de 2023 (TATOLI) – Os jornalistas timorenses ainda enfrentam dificuldades no acesso à informação para que possam produzir conteúdos noticiosos, afirmou ontem à Tatoli o Presidente interino do Conselho de Imprensa (CI), Amito Araújo, no Quintal Boot, em Díli.
No âmbito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado hoje, Amito Araújo referiu que os jornalistas de Timor-Leste se esforçam por procurar informações para produzir um conteúdo de melhor qualidade, mas que, muitas vezes, as autoridades, nomeadamente as entidades estatais, se recusam ou não disponibilizam os dados solicitados. Como resultado, o material divulgado pelos veículos de comunicação é incompleto ou pouco claro.
“Muitas vezes os cidadãos e as autoridades criticam as notícias por serem superficiais. Na verdade, como as fontes não fornecem informação em quantidade ou qualidade suficiente, os jornalistas não publicam conteúdos com a completude e o rigor que os deviam caracterizar. Sabemos que Timor-Leste ocupa a 17.ª posição no ranking mundial da liberdade de imprensa, por isso é importante que as autoridades colaborem com os jornalistas, para que continuemos a promover a liberdade de expressão”, defendeu Amito Araújo.
O presidente interino acrescentou que a sociedade civil e o Governo devem trabalhar em conjunto com os média de Timor-Leste, no sentido de facilitar a missão da divulgação dos assuntos de interesse público. Amito Araújo também apelou aos governantes para que não interfiram no trabalho dos jornalistas e que a categoria possa receber formação periódica, além de ter um aumento de salário assegurado.
“O jornalismo tem, ou deveria ter, uma autonomia igual àquela que caracteriza outros estados soberanos. O Governo e as empresas privadas de comunicação também devem investir na formação dos jornalistas. A questão salarial é necessária de ser discutida. Se os profissionais receberem um bom salário, não haverá subornos e os jornalistas irão trabalhar melhor”, observou.
Por sua vez e a este respeito, o Diretor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Nacional Timor-Lorosa’e (UNTL), Marcelino Magno, afirmou que, a seu ver, há conteúdos noticiosos e uma informação que, em geral, não lhe parecem devidamente aprofundados. Na sua opinião, o problema enfrentado pelos jornalistas locais é a dificuldade de aceder a dados detalhados e a fontes relevantes (especificando detentores de cargos de poder).
“Os jornalistas precisam de informações rápidas, que possam ser contadas em segundos, porque o público exige respostas dinâmicas. É importante que o Governo esteja atento a isto, o quanto antes”, avaliou.
Equipa da TATOLI