DÍLI, 02 de dezembro de 2022 (TATOLI) – A petrolífera australiana Woodside está a reconsiderar Timor-Leste como local potencial para o desenvolvimento do campo do Greater Sunrise. Esta posição, em alternativa a Darwin, marca uma viragem significativa para o promotor de gás natural liquefeito (GNL).
A diretora-executiva da empresa, Meg O’Neill, numa reunião com os investidores esta quinta-feira, enfatizou alguns dos projetos de extração do Greater Sunrise de gás ainda não desenvolvidos, na agenda da empresa, salientando que aqueles serão relevantes para as necessidades de gás a longo prazo, particularmente na Ásia.
“Questões económicas sempre estiveram na base de se ser contra o processamento do gás do Greater Sunrise em Timor-Leste, uma vez que já existem extensas infraestruturas em dois projetos de exportação de GNL em Darwin, o que, até agora, tem tornado o processamento do gás no norte da Austrália comercialmente mais rentável”, afirmou Meg O’Neill, citada no portal Energy Voice, esta quarta-feira.
A dirigente da Woodside reconheceu a importância de localizar o processamento do gás em terra e, agora, em Timor-Leste, e está, no seguimento, disponível para uma discussão em torno de potenciais conceitos de desenvolvimento do projeto.
“Ao longo dos anos temos, olhámos para o Greater Sunrise com olhares muitas vezes diferentes. Fizemos estudos técnicos sobre gasodutos para compreender a viabilidade destes atravessarem a distância que os separa da costa e, sobretudo, atravessar a trincheira marítima profunda que está entre os campos e a costa timorense”, frisou.
Meg O’Neill revelou ainda que “esses estudos sempre indicaram que, com a vontade certa, a engenharia certa e o plano de execução certo, pode-se executar este empreendimento”.
A responsável notou que a atual tecnologia de instalações modulares de GNL, mais barata e mais rápida de construir em comparação com projetos de GNL antigos, tem capacidade técnica para ser utilizada num potencial desenvolvimento em Timor-Leste.
A Woodside tinha anteriormente insistido que apenas seria aceitável o processamento do Greatar Sunrise em Darwin, no norte da Austrália. Na verdade, em julho de 2020, a Woodside declarou que o valor contabilístico de implementação do projeto em Timor-Leste seria de zero.
A Woodside tem uma participação de 33,44% no Greater Sunrise. A companhia petrolífera nacional timorense, Timor GAP, representa 56,56%, após a compra da Shell e da ConocoPhillips em 2018, e a empresa japonesa Osaka Gas detém 10%.
Cerca de 70% do Greater Sunrise, constituído pelos campos Sunrise, encontra-se submersa na zona do mar de Timor-Leste, na sequência de um acordo de delimitação das fronteiras marítimas, em 2018, com a Austrália.
Os campos situam-se a cerca de 150 quilómetros da costa sul de Timor-Leste, mas, entre a costa timorense e os campos localiza-se uma trincheira com 3.300 metros de profundidade, o que cria grandes desafios tecnológicos para a instalação de oleodutos.
Notícia relevante: Governo da Austrália empenhado no desenvolvimento do Greater Sunrise
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora