BAUCAU, 27 de novembro de 2021 (TATOLI) – Os veteranos de Baucau e a família do Vice-Chefe do Estado-Maior das FALINTIL, o comandante David Alex ‘Daitula’, pediram ao Governo a construção de um monumento e a transformação do seu esconderijo na aldeia de Woraiteti, no suco de Caibada, em Baucau, numa atração turística histórica.
Amaro Freitas ‘Lacy Kati’, veterano da região II, considera que a construção do monumento valorizaria a contribuição de ‘Daitula’ para a luta de Timor-Leste.
“O Governo observou hoje o local [esconderijo de Daitula]. Esperamos que o possa desenvolver. Pedimos ainda a construção [de um monumento] para que os veteranos possam realizar anualmente uma reflexão”, apelou o veterano, no âmbito da comemoração do 46.º aniversário da Proclamação da Independência de Timor-Leste, numa atividade de reflexão no local onde o comandante foi capturado.

‘Lacy Kati’ pede também ao Governo uma melhoria das infraestruturas básicas, nomeadamente no suco de Caibada.
Já Alarico ‘Daitula’, filho de ‘Daitula’, se mostra insatisfeito com o facto de ainda não terem sido encontrados os restos mortais do pai e de os governantes não ouvirem os seus pedidos.
“Pedi ao Governo que dignificasse este lugar, transformando-o numa atração turística, e construísse um monumento em homenagem a ‘Daitula’. Contudo, não se preocupa, apesar das minhas propostas diretas e indiretas”, lamenta.
O filho do comandante espera que, caso o Executivo não avance, o povo e a frente clandestina de Baucau tenham a iniciativa de construir o monumento em Caibada.
Também o Chefe do Suco de Caibada, José Agapito Soares, defende o monumento e a transformação em local turístico e lembra a necessidade de melhores infraestruturas.
“Como autoridade local, reconheço a más condições da estrada e o pouco abastecimento de água potável [em Caibada]”, alertou.
De acordo com um documento do Centro Audiovisual Max Stahl Timor-Leste (CAMSTL), David Alex, mais conhecido por ‘Daitula’, nasceu em Bualale, no Posto Administrativo de Quelicai, Baucau, em 1940.
Filho de José Marçal da Costa, chefe de suco de Bualale, e Amélia da Costa, David era o terceiro filho de cinco irmãos – Bartolomeu, Deolindo, Alfredo e João. Tinha mais dois irmãos, filhos da primeira mulher – Celestino e Carmelinda. As duas esposas de José Marçal são irmãs.
David fez o serviço militar durante os últimos anos da administração colonial portuguesa. Trabalhou como funcionário público em Díli, no Serviço de Finanças, e ingressou na FRETILIN, logo aquando da sua fundação.
No final de 1976, tornou-se comandante das Forças de Intervenção 701, localizadas perto do Matebian.
No início de 1977, David tornou-se o 2.º comandante da Companhia de Choque (KC), criada para fornecer respostas rápidas aos ataques persistentes das tropas indonésias. Manteve esta posição até à queda do último bastião da resistência, no Matebian, no dia 22 de novembro de 1978, data após a qual milhares de pessoas regressaram à vila.
David Alex Daitula permanece na região, ocupando, mais tarde, o lugar de Subchefe do Estado Maior das FALINTIL e Responsável pela Região II – Baucau.
Foi capturado na madrugada de 25 de junho de 1997. O comandante e os seus soldados estiveram numa reunião nos arredores de Baucau, quando o seu ponto de encontro foi cercado por tropas indonésias. David foi baleado no braço e na perna direita, o que o impossibilitou de escapar.
As tropas indonésias levam-no para a sede da KOPASUS (Força Exércitos Indonésia). Mais tarde foi transportado de helicóptero para Díli. Na quinta-feira de manhã, o exército indonésio anuncia que foi morto.
Notícia relevante: Governo e veteranos de Baucau realizam reflexão no local de captura do comandante David Alex ‘Daitula’
Jornalista: Domingos Piedade Freitas
Editora: Maria Auxiliadora