DÍLI, 5 de julho de 2021 (TATOLI) – O Ministério da Saúde juntamente e os parceiros de desenvolvimento lançaram hoje o Plano Nacional de Ação para Nutrição e Segurança Alimentar com o objetivo de reduzir o atraso no crescimento das crianças no país.
O Coordenador do Gabinete da Sociedade Civil, Filipe da Costa, destacou, na sua apresentação, três pontos importantes que precisam de ser implementados para reduzir o número de crianças com problemas de crescimento causados pela má nutrição.
Filipe da Costa frisou ainda que o programa proporcionará a eficácia do Plano de Ação Nacional de Timor-Leste para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Também o Vice-Ministro da Saúde, Bonifácio Mau Coli dos Reis, defendeu a importância do desenvolvimento da Segurança Alimentar e Nutrição através dos mecanismos adequados, pois as crianças vulneráveis são sempre as maiores vítimas de desnutrição.
“Desde 2020, a Organização Mundial de Saúde relatou que 149 milhões de crianças menores de 5 anos morreram e pelo menos 45 crianças com menos de cinco anos morreram devido ao problema de desnutrição. Esses problemas aconteceram principalmente nos países com baixo rendimento, incluindo Timor-Leste”, disse hoje o Vice-Ministro da Saúde, Bonifácio Mau Coli dos Reis, à Tatoli, no âmbito do lançamento do programa, no edifício do Ministério da Saúde, em Caicoli.
Apesar do progresso recente, Timor-Leste tem uma das taxas de malnutrição mais altas do mundo.
De acordo como relatório de 2020, relativa à pesquisa alimentar e de nutrição de Timor-Leste, 47% das crianças entre os 0 e os 59 meses sofriam de desnutrição crónica e 8,6% sofriam de desnutrição aguda.
O Representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Bilal Aurang Zeb Durrani, disse, por sua vez, que a prevalência de baixa estatura é considerada ”muito alta”, segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relativos aos anos entre 2010 e 2020-. Além disso, há avanço do problema da desnutrição e o país continua a registar 30% de crianças malnutridas.
Segundo Bilal, 47% das crianças com desnutrição e baixa estatura no país enfrentam principalmente dificuldades no desenvolvimento do cérebro.
A análise realizada em abril de 2018 pelo Integrated Food Security Phase Classification (IPC), Timor Leste: Chronic Food Insecurity Situation 2018-2023 do Programa Alimentar Mundial, mostra que cerca de 430 mil pessoas da população dos 12 municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (36%) sofrem de insegurança alimentar crónica.
A partir desses dados, 176.000 pessoas (15%) estão a sofrer de a insegurança alimentar crónica grave (nível 4) e 254.000 pessoas (21%) sofrem de insegurança alimentar crónica moderada (Nível do IPC 3).
Além disso, 461.000 pessoas (39%) sofrem de insegurança alimentar leve (Nível IPC 2). Apenas 25% da população analisada não sofre de insegurança alimentar (Nível IPC 1).
De grande preocupação são os municípios de Ermera, Manufahi e a Região Administrativa Especial de Oecusse Ambeno, que se enquadram na insegurança alimentar crónica grave (nível IPC 4). Outros municípios com maior proporção da população insegurança alimentar crónica são Ainaro, Covalima, Manatuto e Lautém.
Os principais fatores que contribuem para as condições graves e moderadas de insegurança alimentar crónica em Timor-Leste são: baixa produtividade agrícola, má qualidade e quantidade de consumo de alimentos, estratégias de subsistência de baixo valor combinadas com alta dependência da estratégia de subsistência única que resulta em alta pobreza (42%).
Além disso, as instalações de infraestruturas básicas para saneamento, água canalizada, estradas, sistemas de irrigação, educação, saúde, capital financeiro e humano, bem como as mudanças climáticas são fatores que contribuem para a insegurança alimentar..
Jornalista: Afonso do Rosário
Editor: Zezito Silva
