(Uma Perspectiva Teológica-Biblíca)
Por:
Pe. Eman Pinto, SVD
Antecedente
Esta é a semana da paixão de Cristo também chamada de Semana Santa, é o período mais sagrado do calendário cristão, em que se recordam os últimos dias da vida de Jesus Cristo, especialmente sua paixão, morte e ressurreição. Começa com o Domingo de Ramos e termina com o Domingo de Páscoa. Os fiéis continuam em jejúm, oração e caridade mesmo que haja situação os perturbam. Desejo que a fé dos fieís não seja atraida. É uma consequência de viver na democrácia que assegura os direitos humanos e liberdade (relogião).
No âmbito da liberdade religiosa (Art. 12 do C-RDTL), atualmente, várias religiões surgiram com doutrinas que não são agradáveis aos nossos ouvidos, que desde o início foram acostumados à doutrina da Igreja Católica Romana. Surgiram nestas religiões algumas figuras que se autoproclamam ou se elevam mutuamente como bispos, arcebispos e pastores, sem possuir qualquer autoridade. A Igreja Católica Carismática Timor-Leste Independente (ICC-TLI), além de testemunha Yova e Poster House, é um dos novos movimentos religiosos em Timor-Leste. Nos dias atuais, ela se tornou polêmica e é amplamente discutida nas redes sociais e na comunidade cristã. O mais desolador é que, ocasionalmente, eles se transformam em piada ao declararem “doutrinas” estranhas em entrevistas e viralizando nas redes sociais pelo “responsável.” Os insultos e agressões contram eles se intensificarão. Portanto, as ofensas e insultos foram as razões para classificar os nomes dos insultuosos na lista furgatória e no inferno.
Ao analisar o título, dois aspectos contrastantes são destacados: o tradicional Caminho Doloroso (Via Crucis), fortemente vinculado à espiritualidade católica romana, e a controversa declaração doutrinária da “Lista Interna” e do “Fugatório”, declarado por alguns líderes da ICC-TLI. Assim, a questão crucial que precisa ser respondida é: quem detém o poder de registrar o nome de alguém para que este seja incluído na lista do inferno e/ou furgatório? Por meio dessa questão, o escritor profunda uma análise crítica e procura examinar essas questões sob a ótica teológica-bíblica
ICC-TLI e a Lista Para o Inferno-Purgatório
A Igreja Carisma Católica Timor-Leste Independente (ICC-TLI) não emergiu do nada. Ao observar sua aparição na sociedade, pode ser entendido através de diversos elementos sociais, religiosos e políticos. A partir da minha perspectiva, a emergência da ICC-TLI em Timor-Leste pode ser justificada por as razões possíveis seguints: Primeiro, a insatisfação com a Igreja Católica Romana Tradicional. Certos fiéis acreditam que a Igreja Católica tradicional é excessivamente distante, hierarquizada e pouco sensível às demandas locais. A terminologia litúrgica, as estruturas formais e a lentidão das reformas podem provocar descontentamento. segunda, influência de movimentos neopentecostais e igrejas independentes: Com a globalização religiosa, muitos modelos de igrejas carismáticas, evangélicas e pentecostais entram no país via internet, rádio e televisão. A ICC-TLI pode ter sido influenciada por esse estilo, mas mantendo elementos católicos externos (crucifixos, imagens, hóstias, etc.). Terceiro, Os católicos em Timor-Leste ainda carecem de uma formação teológica adequada. Isso torna mais fácil a aceitação de doutrinas alternativas, mesmo que contrariem a doutrina oficial da Igreja. E quinto, Queda de autoridade e credibilidade nas instituições. Em períodos de crise política (vigança, corupção, nepotismo, colução), social (convição as casas soicedade pelo governo) economi (o preço dos alimentos básicos é cada vez mais inacessível para as classes mais baixas) Saúde, falta medicamento, cada dia população morrer, e até religiosa, emergem movimentos alternativos que anunciam a “verdade”, a “cura” ou “revelações extraordinárias”. Penso que elas são meramente instrumentos empregados por um conjunto de indivíduos com influência econômica e política para seus próprios propósitos.
Nos dias atuais, os padres e bispos da ICC-TLI tornam público a sua existência. As plataformas de mídia social também aproveitam essa oportunidade para promover. Os menores destaques das principais notícias sobre “a Lista Para o Inferno-Purgatório” Uma resposta do “Archebispo ICC-TLI,” numa intervista que espalhou nas redes sociais (Face book, Tiktik, Youtobee), nos dias atuais, se tornou polêmica e é amplamente discutida nas redes sociais e na comunidade cristã. “Qual será a sua opção perante as pessoas que vos insultam?” Com toda a sua ignorância e sinceridade, sem possuir qualquer conhecimento teológico, ele respondeu à questão em cima que: “Incluiremos os nomes daqueles que nos insultam e nos zombam na lista do inferno e do purgatório.”
Eu, pessoalmente, fico aterrorizado com aquela decração. será assim? Esse “Archebispo” tem a autoridade que vai mandar as almas daquelas pessoas ao interfo ou ao portugatória? Para o autor é terror espiritual de um profeta falso. O que sei, a Igreja não ensina que Deus tenha uma “lista prévia” de salvos e condenados. A salvação é oferecida a todos: “Cristo morreu por todos” (2Cor 5,15). O Inferno existe, mas a Igreja jamais declara que alguém em particular está lá. Os padres e bispo católica Romana não trouxeram nenhuma lista nas suas postorais para alistar os teus fieís que os insultam ou zambam nesta lista o inferno ou o purgatório. O purgatório é purificação, não castigo eterno. É sinal da misericórdia de Deus. Assim, a lógica é baseada na graça, não no mérito. A cruz demonstra um amor que não faz contas, que não registra o pecado como um livro de escritura divina. Em vez disso, “Deus demonstra seu amor por nós através da morte de Cristo por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8). Não é uma questão de “merecer”, mas de aceitar o amor mesmo sem ter merecido. A cruz é, sem dúvida, o símbolo da casa do Pai, onde os filhos rebeldes são recebidos, e não deixados para trás. A Cruz não é lista de culpa, mas chave de Salvação. Em muitos discursos religiosos marcados pelo rigorismo, a cruz de Cristo é apresentada como um tribunal: cada pecado anotado, cada queda registrada, cada falha como um motivo para exclusão. Mas essa não é a lógica do Evangelho. A cruz não foi erguida para criar uma lista de culpados, mas para destruir as barreiras entre Deus e o ser humano.
Sob um outro ponto de vista, essa afirmação do Arcebispo desconhecido que vem em nome da liberdade e ingnorância, está propagando uma teologia do medo. Frequentemente presente em igrejas e comunidades religiosas, a cruz é percebida como uma ferramenta de castigo coletivo, reforçando a noção de que Deus “inscreve nomes” – (que ele, o archebispo inscreve nomes) para o purgatório ou inferno, conforme sugerido pelo Archebispo ICC-TLI. Isso agride o cerne da fé cristã, que é a libertação: Jesus não veio para condenar, mas para resgatar o que se encontrava desamparado (conforme Lc 19,1-10). Cl 2,14); O nome que Ele registra não se encontra em uma lista de condenados, mas sim no livro da vida (ver. (ver Ap 21,27). Perigo da lista infernal e porgatória cria pânico e fanatismo religioso; Anula a liberdade e a responsabilidade moral da pessoa; Substitui a esperança pascal por um legalismo mórbido. O Purgatório não é um “quase-inferno”. É o último banho da alma antes de entrar na presença do Amor eterno. É doutrina baseada na tradição e nas Escrituras (cf. 1Cor 3,15), é nvolve purificação do egoísmo, orgulho e pecado venial. A oração dos vivos ajuda os que lá se encontram, é prova de que Deus não condena por capricho, mas purifica por amor.
Em fim, gostaria de ilustrar o exemplo do bom ladrão como a chave no momento decisivo. O Bom Ladrão (São Dimas) demonstra na prática que não existe uma lista definitiva de salvação. Ele não agia com justiça, nem obedecia à lei, nem frequentava o templo. No entanto, ele reconheceu, confiou e suplicou: “Jesus, lembre-se de mim quando entrares no teu Reino” (Lc 23,42). A resposta foi imediata: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). A cruz não tinha como objetivo envergonha-lo, mas sim para lhe dar a chave. Uma chave que não se adquire por mérito, mas se adquire por fé. Essa é a imagem perfeita da graça inclusiva. A cruz não é uma muralha que separa os “puros” dos “pecadores”, mas uma ponte onde todos podem passar, desde que aceitem ser carregados por aquele que a levou até o Calvário.
O Caminho Doloroso: Amor Sofrido, Redentor e Universal
O Caminho Doloroso ou Via Crucis é a expressão mais intensa e profunda do amor divino revelado na forma humana de Jesus. Não se trata meramente de um episódio trágico da história, mas sim de um enigma de salvação que expressa, a cada passo, a profundidade do amor redentor de Cristo por toda a humanidade. A Via Crucis não representou apenas o padecimento físico de Jesus, mas sim o ápice do amor incondicional. Ele carregou a cruz não por vingança, mas por compaixão; Em cada queda, levantou-se por nós, para que ninguém ficasse prostrado na culpa; Seu sangue não escreveu nomes numa lista de condenados, mas abriu as portas da reconciliação universal (cf. ver 1Tm 2,4). Logo, a Via Crucis possui dimensões teológicas e bíblicas extremamente relevantes. Primeiramente, a Via Crucis é um sofrimento originado pelo amor, não pela vingança. A crucificação de Cristo não foi um ato desumano de um Pai furioso contra o Filho inocente. Inicialmente, foi um ato de entrega voluntária, impulsionado pela compaixão divina: “Ninguém me tira a vida, eu a dou por mim mesmo” (Jo 10,18). A cada queda, Jesus se ergue por amor aos que seriam derrubados pelo pecado. Ele redime os corações magoados pela injustiça a cada gota de sangue que derrama. Não é um padecimento sem sentido, mas um padecimento com propósito – com uma finalidade redentora e universal. Em Segundo lugar, a cruz como altar de reconciliação. Na cruz, Jesus reconcilia Deus e a humanidade, judeus e gentios, santos e pecadores. Seu sangue não clama por vingança como o de Abel (cf. Hb 12,24), mas pede perdão para os algozes: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). A cruz é o trono de misericórdia onde reina um Rei coroado de espinhos, que estende os braços não para castigar, mas para acolher. Ali, Ele estabelece uma nova aliança com a humanidade, não com leis gravadas em pedras, mas com o amor inscrito em carne.
Conclusão
A resposta pascal à questão da salvação não é uma lista, mas um convite aberto: “Se com Ele morremos, com Ele viveremos” (Rm 6,8). A ressurreição não serve para “confirmar quem vai para o inferno”, mas para oferecer uma nova chance de viver na luz. A Páscoa destrói o medo, pois mostra que o amor é mais forte que a morte (cf. Ct 8,6). O Caminho Doloroso não é apenas uma memória triste do sofrimento de Jesus.
A fé cristã não é um livro de nomes riscados, mas um caminho aberto – o Caminho Doloroso de Jesus que conduz à vida. Assim, a declaração do Archebispo ICC-TLI de poder categorizar das pessoas ao Inferno e Porgatório é puramente desconhecido na teologia e doutrina da Igreja Católica Roma. Acredito que estar com Arcebispo é apenas um instrumento usado por certos grupos em prol de seus próprios interesses. “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7)
Que nesta Páscoa, deixemos a lógica da “lista” e entremos na dinâmica do Caminho, onde Cristo carrega conosco nossas quedas, dores e esperanças.
Feliz pásco a Todos…!
Autor é observador de questões sociais e éticas, e é docente da Ética Profissão e Direito Codígo Canonico na Universidade da Paz e docente Past-time na Universidade Católica de Timorenses.