DÍLI, 30 de agosto de 2024 (TATOLI) – “Foi a primeira vez que um povo votou pela sua independência num processo democrático supervisionado pela Organização das Nações Unidas [ONU]” foi a frase que caracterizou o tom de Fernanda Lay, presidente do Parlamento Nacional (PN), na homenagem que a instituição prestou à ONU, na presença do seu atual presidente. A homenagem ocorreu hoje, 30 de agosto, na sequência das comemorações dos 25 anos da Consulta Popular.
Fernanda Lay recordou que a Consulta Popular foi um momento histórico e referiu que é uma honra o Secretário-Geral daquela organização estar presente nas referidas comemorações. “Um homem cuja dedicação à causa timorense transcendeu cargos e fronteiras. António Guterres é parte intrínseca da nossa história, parte da nossa luta, parte da nossa vitória”, vincou Fernanda Lay.
O Vice-Presidente da bancada da FRETILIN, David Ximenes, intervindo na sessão de homenagem, destacou a importância da presença de António Guterres no país para o reforço do compromisso da comunidade internacional com vista a construir a paz, o desenvolvimento sustentável e a promoção dos direitos humanos. “Hoje, dia 30 de agosto, é um dia comemorativo, o dia em que o povo Maubere se pronunciou sobre os seus intentos, falou sobre os seus objetivos e escolheu o seu destino. Foi neste dia que o povo Maubere entoou o hino da sua libertação. Foi neste dia que se consumou o suor, sangue e lágrimas deste povo sofredor”.
Por sua vez, o deputado da bancada do PD, António da Conceição, sublinhou a necessidade de se valorizar a contribuição da ONU para a independência do país. “A ONU exerceu um papel determinante no nosso caso. É dificilmente inegável a tarefa desafiante que Ian Martin exerceu naquele momento crítico como representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a realização da Consulta Popular”, especificou.
Já António Guterres frisou que a luta pela independência “forjou uma profunda parceria entre as Nações Unidas e Timor-Leste”, acrescentando memórias pessoais: “Recordo-me perfeitamente dos intensos dias, semanas e meses de negociações entre a Indonésia e Portugal, sob a égide das Nações Unidas, que conduziram ao acordo de 5 de maio de 1999”.
António Guterres valorizou “a coragem da resistência timorense, de pessoas que arriscaram tudo para ver a independência concretizada, de mulheres da resistência que se recusaram a permitir que as suas vozes fossem silenciadas” e concluiu: “Não podemos esquecer os sacrifícios feitos, as vidas perdidas, as famílias afetadas para sempre, bem como o papel da frente armada, da frente clandestina, da frente diplomática e da Igreja Católica”.
Estiveram presentes no PN, entre outros, o Presidente da República, José Ramos Horta, o Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, membros do Governo e deputados.
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Jornalistaː Domingos da Piedade Freitas
Editoraː Isaura Lemos de Deus