DÍLI, 12 de outubro de 2023 (TATOLI) – Não raro, slogan turístico a respeito de Timor-Leste aponta o país, e as suas costas, como sendo “um dos melhores locais para observar baleias e golfinhos, uma vez que se situa no Triângulo dos Corais e, graças às suas águas repletas de espécies, o país é frequentado por estes mamíferos marinhos”. Não é apenas um isco com intentos comerciais. Estudos confirmam a diversidade biológica, a riqueza de ecossistemas marítimos no mar de Timor, alguns em estado pristino, ainda que sob ameaça.
Por outro lado, sabido é que algumas classes de cetáceos (baleias e golfinhos) cruzam a costa marítima de Timor-Leste no seu itinerário migratório, normalmente entre setembro e dezembro, não longe da costa. A juntar a uma ondulação marítima geralmente não muito encrespada, estão criadas, de facto, as condições ideais para aquilo que em inglês se designa de whalewatching (observação de baleias). Estes cetáceos são mais propícios a atividades de exploração turística, pela sua espetacularidade, do que os golfinhos. As baleias são protagonistas.
Turistas observadores de baleias frequentemente narram a sua “aventura”, fartamente fotografada e filmada, como algo espetacular, memorável, tema de conversa de esplanada e digno de ser divulgado nas redes sociais. A imagem da baleia a passar ou a saltar é tanto mais incrível quanto mais perto o fotógrafo estiver dela.
Márcio Vieira, formador português em Timor-Leste, que testemunhou a migração de baleias, contou a sua experiência. Em entrevista à Tatoli, o português afirmou que a experiência, via Aquatica Dive Resort, foi “incrível” por várias razões. A primeira delas prende-se com a natureza do grupo que embarcou nesse dia, muito diverso e, sobretudo muito divertido. Depois, porque, apesar de ter chovido muito na véspera, o mar estava muito sereno e com uma ótima visibilidade.
Márcio contou que, na altura, poucos minutos após terem saído de Lecidere, viram um grande grupo de golfinhos, com várias dezenas de animais. “Se a experiência visual é boa, a experiência sonora é ainda melhor”. Segundo Márcio, apesar de o seu grupo já estar na água, mas a uma grande distância, ouviu o som que os golfinhos produziam, “uma combinação de um clique e um assobio, logo depois, as baleias começaram a surgir”. Então, lembra Márcio, “a embarcação posicionou-se de um modo que permitiu que pequenos grupos de mergulhadores saltassem para a imensidão do oceano para terem uma experiência de maior proximidade”.
“Quando chegou a minha vez, confesso que estava um pouco nervoso, mas a adrenalina e a vontade de nadar com estes gigantes atiraram-me pela borda fora. No início, fiquei um pouco desapontado, pois, no barco vira umas quantas e dentro de água não via ‘nicles de bitocles’”, contou o então turista.
Márcio disse que, apesar de ter ficado desiludido no início, pouco depois, mesmo por baixo, “começo a ver a silhueta perfeita de uma baleia”. Contou: “Não estava próximo o suficiente para que lhe visse grandes pormenores, mas, mesmo àquela distância, talvez a uns 20 metros, deu para perceber a imponência do maior mamífero conhecido. Penso que aquele encontro não durou mais do que 30 segundos, mas, na minha memória, o filme ainda corre em câmara lenta”.
Para aventuras similares, qualquer turista pode valer-se da Compass Diving, uma agência de atividades de mergulho que leva turistas a assistirem à migração destes mamíferos no Mar de Timor. A gerente da empresa, Fuzzy Moslim, disse que os turistas que chegam normalmente têm horários e itinerários diferentes entre setembro e dezembro para testemunhar o evento que acontece uma vez por ano.
“Está prevista a chegada de mais de 400 turistas dos Estados Unidos da América, Austrália, Singapura, Rússia, entre outros, para assistir à migração das baleias. Estima-se que mais de 12 baleias apareçam e migrem através do Mar de Díli para Ataúro, Lospalos, Jaco e depois regressem ao mar da Austrália”, especificou Fuzzy Moslim à Tatoli, na Praia dos Coqueiros. Para acompanhar a chegada dos turistas, a Compass Diving disponibilizou 28 efetivos, 23 locais e cinco internacionais.
Por sua vez, o instrutor de mergulho da agência Dive Timor Lorosa’e, Martin Walton, adiantou que o seu grupo irá acompanhar os turistas durante quatro a cinco dias numa viagem por Jaco, Ataúro e Austrália.
Em regra, Compass Diving, Dive Timor Lorosa’e e a Aquatica Dive Resort são, entre outras, as agências que acompanham turistas na observação de baleias e que cobram entre 250 e 400 dólares americanos por pessoa.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus