DÍLI, 10 de outubro de 2023 (TATOLI) – Díli, capital de Timor-Leste, completa hoje 254 anos. Em 1702, Lifau (Oé-Cusse Ambeno) tornou-se a capital da então colónia portuguesa ao receber o primeiro governador enviado por Lisboa, estatuto que manteve até 1767, quando os portugueses decidiram transferir a capital para Díli, como resultado das frequentes incursões das forças holandesas.
A nova capital do Timor Português começou a ser construída a 10 de outubro do mesmo ano. Na altura, Díli era uma pequena aldeia com casas de barro e de palapa, com telhado de folha de palmeira. Atualmente, com uma área de 368,12 quilómetros quadrados, alberga 324.269 pessoas segundo os últimos Censos, sendo, por isso, o centro cultural, político, económico e administrativo do país.
Díli tem poucos recursos e depende do apoio económico externo e da agricultura, atividade que emprega a maioria da população. A exploração de recursos energéticos do Mar de Timor (gás natural e petróleo), em parceria com a Austrália, irá desejavelmente dar um novo impulso à economia da cidade, do município e do país.
Para permitir um desenvolvimento sustentável e eliminar a anarquia urbana e a elevada densidade populacional que caracterizam atualmente a capital de Timor-Leste, está a ser elaborado, com o apoio da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, um Plano de Urbanização de Díli, que permitirá o ordenamento de ruas e espaços públicos, a construção de equipamentos e infraestruturas, o licenciamento de grandes construções e a concretização de propostas no âmbito das políticas setoriais.
Outro problema que atinge particularmente Díli são os resíduos domésticos e industriais (lixo) cuja gestão e tratamento ainda carecem de uma profissionalização no sentido de minorar os seus efeitos na saúde pública e na estética da capital. De acordo com os dados do Ministério da Administração Estatal, são diariamente produzidas, em Díli, cerca de 200 toneladas de lixo, 55% das quais são despejadas na lixeira de Tíbar e 45% vão diretamente para valetas, rios e mar.
A este propósito, o Secretário de Estado da Toponímia e da Organização Urbana, Germano Dias, fez recentemente um apelo a toda a população para que esta preserve a beleza de Díli e exteriorize, na prática, “um sentido de pertença” à sua cidade, apelando a que “todos nós temos o direito e a obrigação de manter a beleza da capital, se houver um esgoto cheio de lixo, devemos limpá-lo, não podemos depender apenas do Governo”.
Entre as medidas para celebrar o aniversário contam-se, segundo a Presidente da Autoridade do Município de Díli, Guilhermina Saldanha, várias atividades sociais, como a distribuição de bens de primeira necessidade a famílias carenciadas, a disponibilização de consultas de saúde para funcionários, a realização de uma marcha saudável, bem como uma missa ação de graças, no Cemitério dos Heróis de Metinaro, para as quais a Autoridade disponibilizou cerca de 20 mil dólares americanos. Contudo, a celebração formal do aniversário foi adiada para a próxima semana, pois, segundo a dirigente, a Autoridade está a preparar as eleições comunitárias, agendadas para o dia 28 de outubro.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus