DÍLI, 17 de setembro de 2023 (TATOLI) – Como o país mais novo na Ásia e como o mais bem classificado no Índice de Democracia do Sudeste Asiático, Timor-Leste sabe por experiência própria que a ciência, a tecnologia e a inovação desempenham um papel fundamental no reforço da democracia, impulsionando reformas que permitem às instituições democráticas não só sobreviver, mas também crescer.
A ideia foi proferida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MNEC) de Timor-Leste, Bendito Freitas, na Cimeira do G77+China, um grupo de países em desenvolvimento que visa promover os interesses económicos coletivos dos seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unidas. A Cimeira, subordinada ao tema Os atuais desafios do desenvolvimento: O papel da ciência, tecnologia e inovação, realizou-se em Havana, Cuba.
Para Bendito Freitas, Timor-Leste deve aproveitar a oportunidade de provar que a democracia, a tecnologia e a inovação podem coexistir de modo a contribuir para a afirmação dos valores da democracia, do Estado de direito e do respeito pelos direitos humanos à escala global. “Acreditamos que a ciência e a tecnologia apoiam os países em desenvolvimento a reconstruirem-se e avançarem em direção à Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2030”, afirmou o governante num comunicado do MNEC a que a Tatoli teve acesso.
No documento, o titular da pasta afirmou ainda que Timor-Leste reconhece que o G77+China, como a maior organização intergovernamental de países em desenvolvimento no sistema multilateral das Nações Unidas, tem “desempenhado um importante papel na promoção e defesa dos interesses comuns dos países em desenvolvimento, que delineou um plano de ação sem precedentes, do povo, pelo povo e para o povo, baseado na ação colaborativa que estabelece um conjunto de prioridades para ODS 2030”.
Bendito Freitas considerou também que o evento constituiu um momento oportuno para se refletir sobre o papel transformador que a ciência, a tecnologia e a inovação podem desempenhar na construção de um futuro que esteja em sintonia com as aspirações e esperanças, uma vez que o mundo enfrenta atualmente vários problemas que estão a agravar os impactos negativos, especialmente nos países em desenvolvimento.
O que esteve em jogo, no debate desta cimeira, é o modo como a ciência, a inovação científica e a sua aplicação prática em tecnologias podem chegar aos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, tendo, na medida do possível, um impacto na vida das populações, quer a nível da produtividade agrícola e industrial, da formação de recursos humanos, da saúde, da educação e, em última instância no bem-estar dos povos. É sabido que a inovação científica (e as consequentes tecnologias), sob a proteção de regras restritas da propriedade intelectual, demora muito tempo a ter impacto na vida das pessoas. No caso concreto, o debate do G77+China centrou-se no modo como a ciência, a tecnologia e a inovação pode ter um papel mais democratizador no sentido de minorar desigualdades e diminuir o fosso entre os mais ricos e mais pobres para, na medida do possível, no espírito do ODS em apreço, não deixar ninguém para trás.
Bendito Freitas aproveitou a oportunidade para manifestar, em nome do Presidente da República, José Ramos Horta, do Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, e do povo timorense, a sua profunda gratidão pela generosa solidariedade e amizade com que Cuba tem apoiado o Timor-Leste. Finalmente, o governante transmitiu ainda as suas sinceras condolências aos povos da Líbia e de Marrocos pelo impacto devastador das catástrofes naturais que atingiram estes dois países na última semana.
O G77 foi criado a 15 de junho de 1964, quando 77 países em desenvolvimento adotaram, na Primeira Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, uma declaração conjunta. Hoje conta com 134 membros provenientes da Ásia, da África e da América Latina. A China, ainda que não se considere membro do grupo, participa no G77 desde 1992.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora