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Índice Global da Fome classifica Timor-Leste em situação ‘grave’

Índice Global da Fome classifica Timor-Leste em situação ‘grave’

DÍLI, 15 de setembro de 2023 (TATOLI) – Timor-Leste ocupou, em 2022, o pior lugar no Sudeste Asiático no Índice Global da Fome (IGF). O país apresentava-se na 110.ª posição de um ranking de 121 nações, com uma pontuação de 30,6, um nível considerado ‘grave’ de fome. Para tal, muito contribuiu o deficiente regime alimentar de crianças timorenses e subsequentes altos níveis de subnutrição.

Um índice é, geralmente, uma lista de países seriados conforme a pontuação que obtêm após aplicados determinados critérios. Há índices para a qualidade da democracia, incidência da corrupção, igualdade de direitos, género, liberdade de imprensa, etc. Os índices resultam de estudos longitudinais e extensos por parte das organizações não-governamentais ou organizações internacionais supragovernamentais (ONU, FAO, etc.). Pela posição na seriação deduz-se que um determinado país está bem colocado, ou subiu na seriação face a um ano anterior.

Os índices servem, ora para chamar a atenção de situações tidas como inadequadas ou injustas, ora para justificar opções políticas tomadas ou, se bem colocado, como motivo de orgulho. Não é este o caso de Timor-Leste no tocante à incidência da fome, a avaliar pelo estudo da Welthungerhilfe (Ajuda a um Mundo com Fome, em português), uma organização alemã, independente e não lucrativa que opera na área do desenvolvimento, cooperação e assistência humanitária.

Segundo o IGF, Timor-Leste está, ao lado do Camboja, do Laos e da Indonésia, entre os quatro países deste ranking com situação de fome grave na região do sudeste asiático. Para o levantamento de 2022, a Welthungerhilfe avaliou 121 países com base em quatro indicadores: a subnutrição, crianças com menos de cinco anos com baixo peso para a sua altura, baixa estatura ou nanismo em crianças com idade inferior a cinco anos e mortalidade infantil abaixo dos cinco anos.

Cada país recebe uma pontuação numa escala de 0 a 100 pontos. Os dados indicam que Timor-Leste estava numa situação de fome face ao ano de 2021, com uma classificação de 32,4 pontos, resultados piores face ao ano de 2012, em que tinha obtido 36,2 pontos, mas melhores do que em 2006, ano em que registava 46,1 pontos.

Segundo o IGF, a percentagem de pessoas sem acesso regular a um regime alimentar que providencia um valor de calorias suficiente está a aumentar, em relação às cerca de 828 milhões de pessoas subalimentadas em 2021, o que representa uma inversão de mais de uma década de progresso no combate à fome num quadro global onde uma onda de crises relacionadas com a pandemia da covid-19, a guerra na Ucrânia e as mudanças climáticas levou a que o problema mundial da subnutrição se tenha agravado.

Questionado sobre a baixa classificação de Timor-Leste, o Presidente da República, José Ramos Horta, afirmou que “estes dados podem ser verdadeiros ou falsos. Mas, este é uma lição para Timor-Leste trabalhar de todas as formas possíveis para reduzir a taxa de desnutrição e fome no país”, acrescentando que Timor-Leste é um país jovem por comparação à maior parte dos países avaliados.

A qualidade alimentar (e subsequente subnutrição) tem, em Timor-Leste, uma instituição encarregada de monitorizar e sugerir políticas ao Executivo. Trata-se da Direção Nacional da Segurança Alimentar. O seu diretor, Rufino Gusmão, adjudica o problema à pobreza. Ele acha que a maioria da população que enfrenta problemas alimentares vive com o salário mínimo de 115 dólares americanos e reside em zonas rurais e remotas. “Uma família com cinco filhos, com um rendimento mensal do chefe da família de 115 dólares americanos, como é que pode satisfazer as necessidades da família? O dinheiro que gastam em necessidades básicas é mais do que isso. Para ter alimentos nutritivos é preciso mais de 300 a 400 dólares. Esse é o fator principal que leva à fome e à subnutrição”.

Recorde-se que, segundo os dados da Pesquisa de Alimentação e Nutrição de 2020, até aos cinco anos, cerca de 47% das crianças sofriam de nanismo e 8,8% apresentavam um peso inferior ao considerado adequado por padrões de saúde internacionais, numa situação que, não configurando exatamente fome total, é, pelo menos, uma alarmante fome de nutrientes.

Notícia relevante: Timor-Leste é o segundo país com mais fome no ranking do IGF de 2020

Jornalista: Afonso do Rosário

Editora: Isaura Lemos de Deus

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