DÍLI, 31 de julho de 2023 (TATOLI) – “A comida é deliciosa, mas não gosto de bife, porque me faz mal aos dentes. Não há também nenhum caldo e as cozinheiras dão-nos pouca quantidade de arroz e de legumes”, contou Meliani da Cunha, uma aluna do 9.º ano, da Escola Básica Central (EBC) n.º 1 do Farol, à Tatoli.
Por seu turno, Zebedeu Miguel da Costa, um aluno da mesma turma, relatou que as refeições diárias na escola são constituídas por arroz, bife, ovos, feijão mungo e leite. Apesar da variedade, o aluno considera que a quantidade de arroz deixa a desejar: “Cada aluno só tem direito a uma colher de arroz. Sugiro que se aumente a quantidade”.
Partilha da mesma opinião uma outra aluna, Clarita Lay, mostrando-se preocupada com a pouca quantidade de arroz, apesar de considerar que os “quatro ou cinco pedaços de carne” são suficientes.
No geral, os alunos consideram que o Programa Merenda Escolar contribui para garantir o direito à alimentação dos alunos, principalmente durante o horário escolar, todavia, como se pode constatar, a quantidade de arroz em cada prato é considerada insuficiente. Sabido é que a dieta alimentar timorense é de base arroz pelo que a reclamação não causa estranheza.

Questionada sobre as preocupações dos alunos, Filomena Belo Feitas, Diretora da escola, reconheceu que “há falhas no controlo”, mas, prometeu que vai convocar uma reunião com as cozinheiras para resolver as preocupações dos alunos. “Isto pode ser um erro da nossa parte, porque há tantos alunos e não conseguimos controlar tudo. Vou reunir-me com as cozinheiras para que comecem a aumentar a quantidade de arroz e legumes no prato de cada aluno”.

A este propósito, a responsável da cozinha, Fernanda Pereira, explicou que não tem ideia de que a quantidade de arroz seja pouca, justificando que tem de gerir a comida pois a escola tem muitos alunos e muitos deles repetem a refeição “à socapa”.
Inquirida sobre o Programa Refeição Quente que o Executivo pretende introduzir, a diretora da escola manifestou o seu total apoio. “Não tenho qualquer objeção ao novo programa do Governo, espero é que haja uma maior variedade de alimentos do que aquela que temos com a Merenda Escolar”.
Filomena Freitas informou ainda que o estabelecimento de ensino tem 15 cozinheiras, que auferem mensalmente apenas de 75 dólares para preparar refeições diárias para 2.157 alunos. A diretora apela, por conseguinte, ao Governo que aumente o salário das funcionárias.
Recorde-se que o Governo tinha aprovado, no ano passado, o Programa Merenda Escolar, que visava dar uma contribuição para assegurar o direito à alimentação, e de teor saudável, às crianças, a realizar nos tempos escolares. Na génese do programa está, também, a ideia de uma relação entre uma dieta mais saudável e um maior sucesso no processo de ensino-aprendizagem
O programa, na prática, materializa-se numa subvenção pública que assume a forma de subsídio alimentar e destina-se exclusivamente à compra de géneros alimentares e a um ou outro subsídio adicional, para apoiar as despesas com os encargos administrativos. A cargo da implementação do programa estão os estabelecimentos de ensino pré-escolar e de ensino básico, público e também organizações comunitárias, grupos comunitários, isto é, associações sem personalidade jurídica. O montante do subsídio atribuído no âmbito do Programa Merenda Escolar é fixado em 42 centavos por cada dia letivo e por cada aluno.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus