DÍLI, 21 de março de 2023 (TATOLI) – O docente da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), Vicente Paulino, considera que há duas dimensões fundamentais para uma educação de qualidade: um currículo adequado e uma boa gestão escolar.
O Diretor do Centro de Estudos de Cultura e Artes (CECA) da UNTL explicou que “o currículo é um guia que, além de orientar o professor no processo de ensino-aprendizagem, dota o sistema de ensino de alguma uniformidade”. No entendimento do docente, a natureza de alguns programas não encontra eco naquilo que é o espírito da identidade cultural que caracteriza Timor-Leste. Assim sendo, pensa Vicente Paulino que “o currículo escolar deveria ser adaptado ao contexto de Timor-Leste, alguns programas, como por exemplo o de literatura, estão desajustados face ao nosso património literário”.
O professor de comunicação social solicitou a contribuição de ideias de todos os timorenses para a timorização do currículo nacional, isto é, a inclusão explícita, nos programas, de conteúdos que relevem para a mundividência timorense.
A um nível mais macro, Vicente Paulino é da opinião de que se deve “despolitizar o sistema escolar” e que este “deve ter intervenção partidária”. O professor especificou que “devemos despolitizar o sistema de educação e atribuir autonomia e competência aos agentes educativos para que possam gerir os estabelecimentos de ensino através de um mecanismo de angariação de fundos”, sugeriu.
O docente recomendou ao Ministério da Educação, Juventude e Desporto a adoção de três medidas. Em primeiro lugar, a realização de um “sistema de avaliação anual de acreditação para cada escola do país”; em segundo, o aumento dos “salários dos professores que são uma miséria” e, em terceiro, a criação, por parte da tutela, de “um mecanismo para regular as agências internacionais para que não interfiram no sistema educativo de Timor-Leste”.
Já o Diretor-Executivo da Aliança de Educação de Timor-Leste (TLCE, em inglês), José Monteiro, por seu turno, afirma que o investimento do Governo timorense na educação é insuficiente e que esta insuficiência é notável, no sistema escolar, a vários níveis: entre outros, infraestruturas (escolas, salas de aula e outras valências), professores (e respetivas habilitações) e materiais didáticos. Ainda assim, José Monteiro reconhece o esforço do Governo na construção e reabilitação de “centenas” de infraestruturas escolares.
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Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus