DÍLI, 23 de janeiro de 2023 (TATOLI) – A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) dedica, este ano, às meninas e mulheres afegãs o Dia Internacional da Educação sob o tema “Investir nas pessoas, priorizar a educação”.
“A UNESCO gostaria de dedicar a quinta edição deste Dia Internacional a todas as meninas e mulheres do Afeganistão, a quem foi negado o seu direito de aprender, estudar e ensinar. A organização condena este grave atentado à dignidade humana e ao direito fundamental à educação”, diz uma nota oficial da UNESCO a que a Tatoli teve acesso.
Desde as mudanças políticas em Cabul, em agosto de 2021, o acesso à educação no ensino básico foi suspenso indefinidamente para todas as meninas afegãs acima de 12 anos.
Atualmente, 80% das meninas e mulheres, em idade escolar, estão fora da escola, por causa da decisão das autoridades em negar o acesso à educação secundária e superior.
A Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, disse que nenhum país deve impedir que mulheres e meninas estudem, porque a educação é um direito universal que deve ser respeitado.
“A comunidade internacional tem a responsabilidade de garantir que as alunas afegãs retornem à sala de aula, sem demoras”.
Para que um maior número de meninas e mulheres tenham acesso à educação, a agência também está a trabalhar para oferecer aulas a distância através de meios propícios a tal.
A UNESCO apelou a todos os países que orientassem as suas políticas educativas em torno de uma educação acessível a todos e cumprissem compromissos e iniciativas globais assumidos naquela área.
“A educação deve ser priorizada para acelerar o progresso em relação a vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no contexto da recessão global, sobretudo os que visam mitigar os efeitos das desigualdades e da crise climática”, sugeriu.
Os dados da UNESCO mostram que, atualmente, 244 milhões de crianças e jovens estão fora da escola e 771 milhões de adultos são analfabetos. “O seu direito à educação está a ser violado e isso é inaceitável” afirma o documento.
O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu, por sua vez, a todos os países que investissem em recursos humanos via escolarização, pois a educação é direito fundamental das pessoas.
“A educação é o alicerce da sociedade e das potencialidades de desenvolvimento das pessoas. Sem ela, aquelas estagnam. Surpreendo-me que os alguns países invistam pouco no setor da educação”, disse. Segundo o secretário-geral, 130 países assumiram um compromisso de mobilizar a educação como um direito universal dado que considera que a educação é o primeiro pilar de desenvolvimento e progresso de qualquer país.
António Guterres apelou ainda às autoridades no Afeganistão que abolissem as leis e as práticas discriminatórias que impedem as crianças e mulheres de aceder à escola.
O Dia Internacional da Educação comemora-se, anualmente, a 24 de janeiro. Este dia foi criado através da Resolução 73/25 da Assembleia Geral da ONU, a 3 de dezembro de 2018.
O seu objetivo é sensibilizar a sociedade civil para que se cumpra o direito à educação, consagrado no artigo 26.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e na Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.
Jornalista: Jesuína Xavier
Editora: Maria Auxiliadora