DÍLI, 05 de dezembro de 2023 (TATOLI) – Frank Santos tem 24 anos. É dono do Café Expavó, em Díli. Atualmente também é finalista do Departamento Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL).
Antes de completar 20 anos, o jovem pensava em criar um negócio. Contou que, depois de terminar o ensino secundário na Escola de Santa Madalena de Canossa em 2017, pediu ao seu pai apoio para começar um negócio em Díli.
“Depois do terceiro semestre na universidade, perguntei ao meu pai se ele tinha dinheiro para me ajudar a começar um negócio na área de cafetaria. Sem hesitação, ele respondeu ‘sim’ imediatamente”, contou o jovem.
Frank Santos é o único filho de Budy Subagya e de Ana Maria. O pai é indonésio e a mãe é de Ermera. O jovem disse que a paixão pelos negócios começou quando viu que o desemprego em Timor-Leste aumentava todos os anos. “Vi que muitos jovens eram obrigados a ir trabalhar para o estrangeiro, porque aqui não tinham trabalho. Isto preocupou-me e, por isso, decidi começar o meu próprio negócio”, conta o jovem.
Frank argumentou ainda que, apesar de Timor-Leste produzir café, não há muitos baristas. “Conheço várias cafetarias em Díli. A mais conhecida é a Gloria Jeans, mas não é uma marca de timorense. Portanto decidi aprender a ser barista num curso ministrado pela Agência de Desenvolvimento de Timor-Leste”, disse.
Depois de ver tantas vezes vídeos sobre o trabalho de barista em restaurantes e em cafetarias no Youtube, o jovem tomou a iniciativa de aprender, durante duas semanas, a usar máquinas de servir café.
O curso custou 100 dólares ao jovem, mas Frank asseverou que tal preço era muito barato se comparado com os preços praticados na Indonésia. “Procurei informação sobre o preço de um curso de barista na Indonésia e alguns dos meus primos disseram-me que o valor mais baixo era de 300 dólares”.
Frank disse que o maior desafio que já enfrentou foi o falecimento do seu pai no início de 2022. “Imaginei, fiz todo o plano de negócio para o apresentar ao meu pai, mas ele morreu”, contou, com tristeza.
Apesar do falecimento do pai, o jovem teve a coragem de concretizar o sonho. “O meu pai era muito calmo, ele soube poupar dinheiro para a família e, por isso, eu não perdi a esperança de abrir uma cafetaria em Díli”, afirmou.
O jovem contou ainda a pergunta mais comum que os seus amigos costumavam fazer: “qual o curso que estudaste na universidade? Ele respondeu “ciência política”. “E qual é a relação entre café e ciência política?!”, perguntavam, num tom de troça.
Porém, o jovem argumentou que “cada pessoa tem a possibilidade de aprender e de se desenvolver numa área que escolheu, mas não se esqueçam que o mundo de hoje precisa que as pessoas melhorem competências específicas para desenvolver um país”.
O jovem salientou ainda que muitos dos jovens têm medo de investir em negócios, mas ter medo de investir é um erro. “Eu também senti a dificuldade de não ter dinheiro. Na vida, cada pessoa têm os seus problemas, mas a maneira de os enfrentar pode ser diferente”, considera Frank.
Em relação ao nome “Café Expavó”, o jovem contou que, quando fez registo do nome, decidiu-se pela designação “Flat White Coffee”, nome conhecido mundialmente. Por isso, o Serviço de Registo e Verificação Empresarial (SERVE) não aceitou a proposta de nome.
Depois de falar com a família, o jovem decidiu pelo nome Expavó, que vem do apelido da sua avó e da terra natal deles. O prefixo Ex representa o apelido “Exposto” e Pavó é um nome de uma povoação perto de Loes, a oeste de Timor-Leste.
Atualmente o Café Expavó, situado no Bairro Formosa e perto da Fundação Oriente, é gerido pelo jovem Frank e pelo seu colega Romeiro. Para além de servirem cafés, têm ainda disponíveis também vários doces.
Nas paredes da cafeteria, o jovem mandou pintar a imagem de vários líderes timorenses, tal como Nicolau Lobato, Xanana Gusmão, Ramos Horta, Mari Alkatiri, Dom Carlos Ximenes Belo e outros. Inquirido a este respeito, Frank respondeu que as novas gerações têm obrigação de conhecer os líderes.
Durante a entrevista, o jovem disse que estava a pensar em abrir outro Café Expavó em Díli e noutros municípios para empregar jovens timorenses. Porém, a grande ambição do Frank é formar mais baristas em Timor-Leste.
“Atualmente há vários bancos a conceder crédito para negócios. O importante é que os jovens invistam em competências para se desenvolverem na área de negócios. Quem quer ter muito dinheiro, tem de arriscar” porque “no mundo dos funcionários públicos nunca se fica rico”, assegura Frank Jordan.
Equipa da TATOLI