DÍLI, 06 de dezembro de 2022 (TATOLI) – O Governo de Timor-Leste e a ONU Mulheres procederam a uma manifestação simbólica para chamar a atenção face à violência contra mulheres e meninas. Concretamente, iluminaram os Palácios Presidencial e do Governo e a Estátua de Cristo Rei em cor de laranja para assinalar o início dos 16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Género e defender a ideia de esperança num futuro livre de violência contra mulheres e raparigas no país.
O evento é organizado pelo Presidente da República, José Ramos-Horta, no Palácio Presidencial, na presença de membros do Governo, do parlamento, de embaixadoras, de veteranas, de representantes de organizações da sociedade civil, de parceiros nacionais e internacionais e ainda de outros parceiros sob os auspícios da ONU.
Segundo o comunicado da ONU Mulheres, a iluminação daqueles locais, tidos como icónicos no país serviu para reafirmar os compromissos nacionais para pôr fim à violência contra mulheres e raparigas em Timor-Leste bem como uma ação coletiva em prol de um futuro inclusivo.
O Chefe de Estado timorense afirmou que qualquer líder e qualquer indivíduo deve sentir praticar o compromisso de continuar a luta para acabar com a violência doméstica de género no país. “Uma das formas de acabar com a violência doméstica de género é através do fortalecimento económico das mulheres. É o que eu vejo como a forma mais eficaz”, declarou.
Ramos Horta destacou ainda que uma das prioridades do Presidente é “a defesa de mais espaço para as mulheres, para as raparigas, para as pessoas com deficiência, fazerem de Timor-Leste um verdadeiro país daqueles que se é capaz de morrer pelo ideal de liberdade. Não podemos ser livres se tantas mulheres e raparigas não se sentirem realmente livres e seguras”, realçou.
A Chefe da ONU Mulheres em Timor-Leste, Amy Nishtha Satyam, aconselhou uma aposta urgente e direcionada, incluindo recursos financeiros e humanos, para fazer avançar a agenda para a igualdade de género nos próximos anos.
“Chegou o momento de fazer avançar a igualdade de género. Não seremos capazes de fazer avançar o relógio para qualquer outro objetivo, se não pararmos o retrocesso na vida das mulheres. [Sem isto] não há absolutamente nenhuma possibilidade de cumprir qualquer o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para as Mulheres”, afirmou.
A Coordenadora Residente Interina da ONU, Munkhtuya Altangerel, reconheceu o empenho do Executivo timorense e de todos os atores-chave em fazer avançar a agenda contra a violência de género.
“As Nações Unidas gostariam de reconhecer o crescente empenho do Governo de Timor-Leste, da União Europeia, da KOICA e de muitos outros parceiros de desenvolvimento, em abordar a violência contra mulheres e raparigas através de políticas nacionais, reformas legislativas, investimentos, e o novo Plano de Ação Nacional sobre violência de género”, congratulou-se Munkhtuya Altangerel.
O documento afirma que a violência contra mulheres e raparigas continua a ser uma das violações do direitos humanos mais flagrante e generalizada a nível mundial, incluindo Timor-Leste.
A nota explicou ainda que, três em cada cinco, ou seja, 59% das mulheres timorenses com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos, relataram ter sofrido violência de parceiros íntimos durante a sua vida, enquanto mais de 80% dos homens e mulheres acreditam que a violência de género é justificável. Neste quadro, mulheres e raparigas com deficiência correm um risco ainda maior de violência, muitas vezes perpetrada por membros da família e comunidades.
O conjunto dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência Baseada no Género é uma campanha anual global. Tem início em 25 de novembro, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e termina em 10 de dezembro, no Dia dos Direitos Humanos.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora