DÍLI, 13 de outubro de 2022 (TATOLI) – O Coordenador da Comissão Instaladora dos Desterrados de Ataúro 1980-1987, Agostinho Gregório Ramos, informou que uma das consequências da luta pela independência de Timor-Leste foi o facto de milhares de timorenses terem sido desterrados para a ilha de Ataúro pelos militares indonésios.
A expatriação aconteceu entre 1980 e 1987 e resultou das revoltas organizadas pela Frente Armada da Libertação de Timor-Leste (FALINTIL) em 1980, em Marabia (Díli), em 1982, em Dare-Mauchiga (Ainaro), em 1983, em Manufahi e Viqueque, entre outros.
“A revolta resultou em 7773 timorenses desterrados para Ataúro, a maioria dos quais vindos dos municípios de Baucau, Viqueque e Lautém”, informou Agostinho Gregório Ramos, à margem do 1.º Congresso sob o tema “Consolidar a História e Contribuir para o Desenvolvimento Nacional”, que teve lugar no salão da Catedral de Díli.
O coordenador explicou que o objetivo do congresso é estabelecer um estatuto legal para a associação como uma organização com raízes nos movimentos da resistência.
Manuel Martins de Carvalho, um dos desterrados do município de Ainaro, relatou ter sido expatriado para Ataúro em 1982, dado que os militares indonésios suspeitavam do seu envolvimento na revolta das FALINTIL ocorrida em Dare-Mauchiga, no mesmo ano.
“Espero que através deste congresso se possa ratificar um estatuto legal para proteger os direitos dos sobreviventes dos desterrados de Ataúro. Ao longo dos anos sofremos vários atos de violência pelos militares indonésios como resultado da luta pela independência de Timor-Leste”
O congresso conta com a participação de 248 delegados de sete municípios, alguns membros do Governo e outros militares.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora