DÍLI, 28 de fevereiro de 2022 (TATOLI) – Xanana Gusmão, na qualidade de líder da organização intergovernamental g7+ que congrega 20 estados em situação de fragilidade ou de pós-conflito, emitiu uma carta à comunidade internacional sobre o conflito na Ucrânia, revelou o Secretário-Geral da organização, Hélder da Costa.
“Xanana Gusmão apela à comunidade internacional que respeite a dignidade e integridade do povo ucraniano”, disse Hélder da Costa, à saída do encontro com o Primeiro-Ministro, Taur Matan Ruak, no Farol, em Díli.
Numa carta enviada a comunidade internacional a que a Tatoli teve acesso, Xanana Gusmão afirmou ainda que os países em situação de fragilidade e de pós-conflito expressam preocupação com a evolução da crise na Ucrânia.
“Temos vindo a acompanhar o desenvolvimento deste trágico acontecimento. Constatámos que a comunidade internacional e os líderes mundiais, em vez de tudo fazerem para prosseguir um diálogo construtivo, mostraram estar preparados militarmente para a guerra”, afirma Xanana Gusmão no documento.
O antigo presidente timorense condenou a invasão da Rússia à Ucrânia e recordou que este acontecimento é semelhante às invasões ao Afeganistão em 2001 e ao Iraque em 2003.
Xanana Gusmão considerou que o ocidente vendeu armas a países em desenvolvimento que resultam na morte de crianças inocentes em locais como o Iémen.
“Milhões de refugiados na Europa são o resultado dos conflitos promovidos pelo Ocidente nos países em desenvolvimento”, afirmou.
O g7+, enquanto organização Observadora Permanente nas Nações Unidas, apoia o apelo do Secretário-Geral das Nações Unidas para um cessar-fogo imediato na Ucrânia.
“Apelamos a um diálogo aberto e construtivo para pôr fim ao sofrimento do povo ucraniano”, disse Xanana.
Na carta é dito também que o g7+ assiste com tristeza ao evoluir da crise na Ucrânia mas também com esperança de que os líderes mundiais possam tirar ilações para mudarem as suas políticas em relação aos países em desenvolvimento.
Xanana Gusmão pede, por fim, aos líderes mundiais que ponham de lado os seus interesses estratégicos e hegemónicos e deem uma oportunidade de se chegar a uma paz duradoura.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora