DÍLI, 27 de agosto de 2021 (TATOLI) – O novo relatório divulgado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, em inglês) revelou que a pandemia da covid-19 está a ameaçar o progresso global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Ásia-Pacífico, diz o banco multinacional no comunicado a que a Tatoli teve acesso.
No documento, o organismo destaca que a pandemia empurrou cerca de 75 a 80 milhões de pessoas da Ásia para a pobreza extrema em 2020, em comparação com o que teria acontecido sem a covid-19.
O mesmo organismo assume que a pandemia aumentou a desigualdade e que a pobreza extrema – definida como viver com menos de 1,90 dólares americanos por dia – pode aumentar ainda mais. O progresso também parou os avanços em áreas como alimentação, saúde e educação, onde os resultados anteriores em toda a região eram significativos, embora diferentes.
Segundo o relatório, cerca de 203 milhões de pessoas, ou seja 5,2% da população dos países em desenvolvimento da Ásia, viviam em pobreza extrema em 2017. Sem a covid-19, a projeção teria diminuído para cerca de 2,6% em 2020.
“Os países da Ásia-Pacífico fizeram avanços impressionantes, mas a covid-19 revelou falhas sociais e económicas que podem enfraquecer o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região”, afirma o economista-chefe do BAD, Yasuyuki Sawada.
A eliminação da pobreza e da fome e a melhoria dos sistemas de saúde e de educação são alguns dos 17 objetivos estabelecidos na Agenda 2030.
“Para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável para 2030, os decisores políticos precisam de estar munidos de dados atualizados e de qualidade para tomarem decisões sustentadas que assegurem que a recuperação não deixa ninguém para trás, especialmente os pobres e vulneráveis”, frisou Yasuyuki Sawada.
De acordo com a nota, em 2019 a economia da Ásia-Pacífico cresceu a um ritmo acelerado nos últimos anos e contribuiu com até 35% para o produto interno bruto (PIB) global. Mas a covid-19 enfraqueceu o investimento doméstico e desacelerou o comércio global e a atividade económica. A região perdeu cerca de 8% das horas de trabalho devido às restrições de mobilidade, afetando profundamente as famílias mais pobres e os trabalhadores da economia informal.
No mesmo relatório, o BAD está empenhado em alcançar uma Ásia-Pacífico próspera, inclusiva, resiliente e sustentável, ao mesmo tempo que mantém os esforços para erradicar a pobreza extrema nos 49 países da região, baseando-se nos ODS acordados pelas Nações Unidas para 2030.
Em Timor-Leste, o resultado da pesquisa Alimentação e Nutrição 2020, realizada pelo Ministério da Saúde, revelou uma tendência decrescente da subnutrição em crianças dos 0 aos 59 meses em comparação com o inquérito anterior realizado em 2013.
A pesquisa também mostra o progresso numa série de outros indicadores. A taxa de amamentação exclusiva de bebés (com menos de 6 meses) atingiu 62%, ou seja, um aumento de 10%, a baixa estatura entre crianças de 0-59 meses diminuiu de 50,2% para 47,1%, o emagrecimento caiu de 11% para 8,6%, enquanto o baixo peso (peso abaixo da média para a idade) reduziu de 37,7% para 32,1% em crianças dos 0 aos 59 meses.
Além disso, a subnutrição materna, com a prevalência de magreza materna, caiu de 27% para 25%. A cobertura total de imunização de crianças durante o primeiro ano também aumentou de 46% para 74,3%.
“Estamos extremamente satisfeitos com o progresso feito com as crianças e mães em Timor-Leste. Os resultados da pesquisa mostram que todas as estratégias adotadas, desde os investimentos do Governo, passando pela prestação de serviços, até à mudança positiva de comportamento, estão a ajudar o país a progredir”, afirma a Ministra da Saúde, Odete Maria Freitas Belo, no relatório.
A informação para o estudo foi recolhida junto de mais de 74.000 pessoas de 12.880 agregados familiares em todos os municípios e mais de 11.200 crianças com menos de cinco anos foram avaliadas como parte da pesquisa.
Apesar das melhorias, a investigação também mostrou que a prevalência de nanismo em crianças dos 0 aos 59 meses permanece alta, classificada como um problema de saúde pública “muito grave” com base nos critérios de 2018 da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo o estudo, a prevalência de definhamento situa-se nos 8,6% e é considerada um problema de saúde pública “sério”.
Os resultados também revelaram que a baixa estatura evidencia-se mais entre as crianças do sexo masculino do que entre as do feminino, entre as crianças dos quintis de riqueza mais baixos e entre aquelas que vivem em áreas rurais. A baixa estatura é mais significativa em crianças cujas mães ou cuidadores não têm escolaridade mínima, que não têm acesso a todas as refeições, que experimentaram febre nas primeiras duas semanas de vida e que não têm acesso a uma fonte melhorada de água potável.
O embaixador da União Europeia em Timor-Leste, Andrew Jacobs, disse que esta investigação é essencial para monitorizar e avaliar os progressos, sucessos e desafios para uma tomada de decisão informada. É também um sinal de empenho e dedicação, para além dos desafios gerais, o que está a acontecer durante os tempos difíceis da crise da covid-19, e que ajudará a melhorar a nutrição das crianças e mães.
O Representante do Programa Alimentar Mundial (WFP, em inglês) em Timor-Leste, Dageng Liu, revelou que “os resultados da pesquisa fornecem uma imagem atualizada da situação nutricional das mulheres e crianças com menos de 5 anos de idade e os efeitos do programa de melhoria do estado de nutrição das crianças”.
A pesquisa sobre Alimentação e Nutrição em Timor-Leste 2020 foi realizada de junho a setembro de 2020, com o apoio financeiro e técnico da União Europeia, da Agência de Cooperação Internacional da Coreia (KOICA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Programa Alimentar Mundial (PAM), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês) e do Grupo de Trabalho de Nutrição.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editor: Zezito Silva