DÍLI, 27 de setembro de 2022 (TATOLI) – O Parlamento Nacional (PN) recomendou hoje ao Governo que condecore os artistas timorenses do tempo da resistência.
A ideia é que se valorize a vertente artística como se ela se tratasse de uma “frente” na luta pela libertação de Timor-Leste. No caso concreto, a autoria das letras e melodias musicais, é assumida como sendo historicamente muito relevante.
A iniciativa partiu do deputado do Partido da Frente Revolucionário Independente Timor-Leste (FRETILIN), Fabião de Oliveira. Foi ele quem, em primeiro lugar, pediu ao Governo que condecorasse as artistas timorenses do período da resistência para valorizar a sua contribuição na luta pela libertação de Timor-Leste.
O deputado advertiu que o Governo condecora, anualmente, quase exclusivamente guerrilheiros da FALINTIL, bem como ativistas das frentes nacional e internacional. “Recomendei ao Governo que condecore os nossos artistas, nomeadamente os compositores das músicas no tempo das resistências que lutaram contra os invasores no tempo indonésio”, disse o deputado, no PN.
Segundo Fabião de Oliveira, com uma condecoração desta natureza, o Estado reconheceria as contribuições musicais, especialmente aquelas feitas em tempos conturbados, dignificando, desse modo, os artistas timorenses.
O deputado recordou, a este propósito, que o Estado precisa de condecorar os compositores da música intitulada Oras Too Ona Atu Ita Hili. Ressalvou: “Penso que nesta altura [resistência à ocupação] a música surge como uma motivação aos eleitores timorenses no sentido de escolher a autodeterminação. E isto aconteceu num ambiente de ameaças e torturas por parte das forças militares indonésias”, realçou.
O Presidente da Comissão G, António Verdial, aceitou a recomendação do deputado Fabião de Oliveira. Reconhecendo o papel que a música teve no referendo de 1999, ele advertiu: “Para o processo de condecoração dos nossos artistas é melhor esperar pela Lei do dos Direitos de Autor. Quando esta lei for aprovada no Parlamento Nacional, ela vai assegurar aos nossos artistas do tempo da resistência um reconhecimento melhor”.
O compositor e músico da Oras To’o Ona, José Filipe Ximenes ‘Zeca Smith’, revelou que a criação desta música foi com o espírito de contribuir para o processo de preparação do dia da Consulta Popular a 30 de agosto de 1999 e para motivar o povo timorense a exercer o seu direito de voto.
Recorde-se que o Parlamento Nacional ainda está a discutir a Lei dos Direitos de Autor para, em última instância, proteger e valorizar os artistas nacionais.
Jornalista: Domingos Piedade Freitas
Editora: Maria Auxiliadora
