DÍLI, 14 de dezembro de 2021 (TATOLI) – O Presidente da Comissão Organizadora da cerimónia fúnebre de Max Stahl, Silveiro Pinto Baptista, disse que as cinzas do jornalista chegarão nesta quarta-feira ao Aeroporto Internacional Nicolau Lobato, por volta das 11h45, estando previstos vários dias de homenagens oficiais.
As cinzas, que viajam com a mulher e os filhos de Max Stahl desde a Austrália, serão recebidas por várias individualidades do país, incluindo o líder histórico Kay Rala Xanana Gusmão e o ex-Presidente José Ramos-Horta.
“Esperamos, no dia 15 de dezembro, as cinzas de Max Stahl, trazidas da Austrália pela sua família. Em nome do Governo e do povo de Timor-Leste, iremos recebê-las oficialmente e prestar homenagem de acordo com as nossas tradições”, disse o responsável, na sede do Centro Audiovisual Max Stahl Timor-Leste (CAMSTL), em Díli.
O responsável adiantou ainda que no dia 17 estão previstas as cerimónias fúnebres que começam com uma missa na igreja de Motael, celebrada pelo Arcebispo de Díli, Dom Virgílio do Carmo da Silva.
Depois da missa, está prevista uma marcha, de Motael até ao cemitério de Santa Cruz, onde se realizará a cerimónia fúnebre.
Já o Presidente do Comité 12 de Novembro, Gregório Saldanha, apelou a todos os timorenses que marcassem presença nesta cerimónia de transladação das cinzas de Max Stahl para prestar a última homenagem e agradecer a sua contribuição na luta do país.
Também o encarregado da operação da PNTL de Díli, José Maria Boavida, garantiu que irá colocar membros da polícia para escoltar as cinzas de Max Stahl do aeroporto até às instalações do CAMSTL.
“Já temos um plano organizado para garantirmos a segurança deste evento”, disse o Inspetor-Chefe da PNTL, José Maria Boavida.
O Inspetor-Chefe acrescentou que, durante o cortejo, a PNTL irá bloquear algumas estradas principais, a começar pela zona do aeroporto até à Ponte da CPLP, depois a da Praia dos Coqueiros até Lecidere, Kuluhun, Becora, Taibessi, Balide, Vila Verde, Mandarim, terminando nas instalações do CAMSTL.
Durante o cortejo, a urna com as cinzas deverá viajar no carro de José Ramos-Horta pela capital timorense até à sede do CAMSTL, onde se realizará um velório até sexta-feira, prevendo-se a presença dos principais líderes timorenses.
De acordo com o cronograma divulgado pela comissão organizadora, as cinzas de Max Stahl serão depositadas num túmulo, especialmente preparado nos últimos dias, no mesmo local do cemitério de Santa Cruz onde o jornalista recolheu as imagens trágicas do massacre que levaram a uma viragem na atenção mundial para a luta timorense contra a ocupação indonésia.
Max Stahl faleceu no dia 28 de outubro, em Brisbane, vítima de doença prolongada, no mesmo dia em que se assinalavam os 30 anos da morte de Sebastião Gomes, que originou a homenagem que culminou no massacre de Santa Cruz.
Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino Unido.
Depois ter passado por vários cenários de conflito, sobretudo na América Latina, em agosto de 1991, Max Stahl veio para Timor-Leste para filmar o documentário que viria a chamar-se “In Cold Blood: The massacre of East Timor”.
A 12 de novembro de 1991, acompanhou e filmou a marcha de homenagem da igreja de Motael até à campa de Sebastião Gomes, que culminou no massacre do cemitério de Santa Cruz, em que centenas de jovens timorenses foram mortos por militares indonésios. As imagens correram o mundo e deram a conhecer o drama timorense.
O seu profissionalismo e a sua extrema coragem impulsionaram a frente diplomática, catapultando Timor-Leste para as primeiras páginas dos meios de comunicação social mundiais, depois de vários anos em que a situação timorense permanecia adormecida para a comunidade internacional.
Max Stahl entrevistou vários líderes da resistência timorense, como o Comandante David Alex Daitula e o Comandante Nino Konis Santana.
Notícia relevante: Massacre de Santa Cruz: Lú Olo recorda Max Stahl e heróis da pátria
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora
