BOBONARO, 17 de outubro de 2023 (TATOLI) – Foi aprovado, em maio do ano passado, o projeto de resolução do Parlamento Nacional relativo à instituição do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Timor-Leste celebra agora e pela primeira vez o dia 16 de outubro também como forma de homenagear os cinco jornalistas australianos mortos em Balibó, em 1975, aquando da invasão da Indonésia – Greg Shackleton, Tony Stewart, Gary Cunninghan, Brian Peters e Malcolm Rennie.
O Secretário de Estado da Comunicação Social, Expedito Ximenes, considerou que a morte dos cincos jornalistas australianos é um “legado histórico amargo” para os novos jornalistas timorenses e, assim sendo, o Governo e todos os jornalistas têm a obrigação de dignificar a memória daqueles que, durante a ocupação da Indonésia, defenderam o povo e lutaram pela independência do país.
“A liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais para uma sociedade justa, livre e democrática, bem como para garantir os direitos individuais, reforçar a transparência e estabelecer uma sociedade informada e participativa”, informou o governante, em Balibó.
Expedito Ximenes avaliou que, no período da ocupação da Indonésia, os jornalistas usaram “a voz do povo” para lutar contra várias violações dos direitos humanos e promover a participação popular via sufrágio universal, um referendo, de modo a determinar o destino do país.
Segundo Secretário de Estado, a liberdade de imprensa também exerce um papel importante na denúncia de casos de corrupção, de abuso de poder e de combate às práticas antiéticas dos políticos. Apelou igualmente aos jornalistas timorenses para exercerem a sua profissão com base em obrigações deontológicas de modo a serem uma voz para as comunidades vulneráveis.
Também o Presidente do Conselho de Imprensa, Otélio Ote, destacou a importância do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa para valorizar e dignificar o espírito da luta de todos os jornalistas que contribuam para defender a liberdade de imprensa. O dirigente lembrou que, num ranking de 180 países, Timor-Leste ocupa a 10.ª posição em relação à liberdade de imprensa, segundo um levantamento realizado pela Organização Não-Governamental Repórter Sem Fronteiras.
Otélio Ote admitiu que a presença de jornalistas para fazer a cobertura em zonas remotas ainda é “mínima” e sublinhou que este é “um trabalho para casa”. Instou, portanto, os profissionais e as instituições de comunicação social a melhorarem o seu desempenho a fim de serem uma voz para aqueles que não têm voz, nem meios de aceder à informação e transmitir as suas opiniões.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Isaura Lemos de Deus