DÍLI, 13 de dezembro de 2022 (TATOLI) – A Organização Não-Governamental (ONG) Juventude para o Desenvolvimento (JDN, em tétum) realizou, durante dois anos, um estudo de caso em Díli. Os resultados mostram que 80 jovens mulheres foram vítimas de assédio sexual em espaços públicos, na escola e em casa.
A Presidente da JDN, Belizia Maria Mesquita Dias, afirmou que algumas jovens mulheres timorenses sofreram diferentes tipos de assédio sexual, tais como assédio sexual verbal, insultos, ameaças, provocações, toques no corpo e mensagens ofensivas de cariz sexual nas redes sociais.
A coordenadora do programa contra o assédio sexual mostrou-se preocupado pois, considera, em Timor-Leste o assédio sexual verbal é frequentemente considerado normal, ainda que este seja classificado como violência sexual, afirmando que “a maioria das vítimas se sentiu amedrontada e não denunciou o ato à polícia ou às autoridades relevantes”, informou à Tatoli, em Metiaut, Díli.
Entre 2019 e 2022, a organização realizou uma formação a várias mulheres jovens para se tornarem ativistas contra o assédio sexual. Membros da JDN trabalharam igualmente para prevenir e combater o assédio sexual, bem como defender os direitos das mulheres.
“A maioria das vítimas decidiu tornar-se ativista para disseminar informação aos seus familiares e amigos na comunidade sobre o assédio sexual”, afirmou.
Em 2018 a 2019, a JDN acolheu mais de 189 atividades femininas em formação sobre advocacia contra o assédio sexual a jovens em municípios de Díli e no Turiscai, em Manufahi, das quais 100 mulheres já adquiriram conhecimentos relevantes sobre esta questão.
Durante 2019 e 2020, a organização formou uma equipa composta por 30 jovens mulheres para o papel de ativistas contra o assédio sexual e educaram 195 jovens mulheres sobre leis respeitantes ao assédio sexual e competências a usar quando confrontadas com esta situação.
Em 2021, a JDN promoveu dez seminários ligada à educação, informação e estratégias para jovens mulheres lidarem com o assédio sexual e a igualdade de género. O seminário, sobre uma educação de género, centrou-se nas leis e políticas atualmente promulgadas em Timor-Leste, bem como nas Convenções das Nações Unidas sobre os direitos das mulheres e os objetivos de desenvolvimento sustentável, com vista a melhorar as condições e os direitos das mulheres.
A JDN, fundada por jovens timorenses com idades entre os 17 e os 24 anos, envolve-se em discussões e iniciativas para levar a cabo apoios que aumentem a independência económica das famílias.
No início de 2014, doze jovens timorenses começaram a reunir-se para tentar compreender o ponto de vista de jovens sobre o desemprego e eventuais soluções. Desde então, com a ajuda de dois conselheiros da Austrália, a JDN transformou-se a uma Organização Não-Governamental nacional, registada no Fórum ONG Timor-Leste (FONGTIL) e no Ministério da Justiça, e continua a tentar desenvolver as competências necessárias para alcançar os objetivos pessoais e organizacionais.
Jornalista: Afonso do Rosário
Editora: Maria Auxiliadora