DÍLI, 07 de dezembro de 2022 (TATOLI) – O grupo Dili Photography Community (DPC) inaugurou, esta segunda-feira, a exposição anual de fotografia “Oin-Oin” (diversidade, em português) no Centro Cultural Português (CCP), em Díli. A exibição é a segunda mostra anual daquele grupo.
Esta exposição, financiada pela Embaixada Portuguesa em Díli num valor superior a 1.500 dólares americanos, pretende motivar os membros do DPC e outros fotógrafos a explorar a cultura, a vida comunitária e a natureza, através da fotografia.
Mais de setenta fotografias, com mensagens simbólicas diversas, penduradas nas paredes da sala do CCP, representam o olhar dos fotógrafos timorenses, intermediado pelas lentes de uma câmara.

A máquina fotográfica, aparelho tecnológico, não só não impediu uma realidade pessoal filtrada pelos seus portadores, como também lhes permitiu exprimir a sua visão pessoal daquilo que os rodeia, da sua mundividência. A retina vê, mas a fotografia capta, regista e eterniza. E fá-lo com um intuito artístico. Fá-lo para memória de agora, fá-lo para memória futura.
Cláudia Vaz, antropóloga portuguesa a viver em Díli, ficou impressionada com a maioria das obras fotográficas timorenses expostas.
“As fotografias são um outro lado da vida do povo timorense. Através das imagens, as pessoas podem compreender a realidade da vida. Penso que os fotógrafos timorenses expressam a sua perspetiva através do seu trabalho e isto é muito interessante para os visitantes”, afirmou Cláudia.
Cada fotógrafo tem a sua própria interpretação da realidade, tal como Cláudia também interpretou as fotografias expostas, de acordo com a sua visão do mundo.
“Uma imagem com pés e sapatos exprime um sentimento de empatia com a situação dos outros. Lembro-me de uma metáfora ‘se quero conhecer esta pessoa, tenho de usar estes sapatos’. Quer dizer que tenho de conhecer o seu percurso de vida para saber quem ela é”, sublinhou, enquanto observava atentamente uma das fotografias expostas.
O presidente do DPC, Zé Calisto, conhecido como ‘Ali Baba’, disse, por sua vez, que muitas pessoas valorizam mais o fotojornalismo do que a fotografia artística. Contudo, segundo o dirigente, as fotos artísticas são obras valiosas, uma vez que exprimem realidades particulares: os sentimentos e os pensamentos dos autores, mas outros pensamentos e outros sentimentos para outros observadores, tal como aconteceu com Cláudia Vaz.
E é neste jogo de diferentes interpretações, que muitas vezes, são muito dispares para o observador destas peças, que reside o interesse artístico das fotografias. Elas despertam diferentes sentimentos aos diferentes olhares. Trata-se, sem dúvida, de arte.
É o que opina Zé Calisto: “Os timorenses pensam que a arte está apenas na pintura e na música. Na verdade, a fotografia criativa pode tratar-se igualmente de uma arte. Assim, esta exposição serve para incentivar novos fotógrafos timorenses”, destacou.
Equipa da Tatoli