DÍLI, 21 de abril de 2021 (TATOLI) – A Associação Profissional de Saúde de Timor-Leste (APSTL) lamentou e condenou atos criminais contra profissionais de saúde, nomeadamente durante o trabalho prestado para fazer face à crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.
A ação da APSTL relaciona-se com o incidente ocorrido a 19 de abril no Polo, Suai, do Município de Covalima, onde o médico coordenador da quarentena sofreu agressões físicas, e com outro que envolveu assédio sexual e ameaça contra uma médica de medicina-geral no Posto de Saúde de Laulara. Os dois episódios aconteceram enquanto os profissionais de saúde exerciam as suas funções.
A APSTL considerou ainda que os atos criminais enfrentados pelos profissionais de saúde constituíram uma forma indigna e desvalorizadora dos seus trabalhos, pois prestam um serviço a toda a comunidade com imparcialidade, transparência e autonomia.
O Presidente da Associação dos Enfermeiros de Timor-Leste, José Dionizio Ximenes, lembrou que vários atos criminais já ocorreram também no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) e no Hospital de Maubisse, do Município de Ainaro, bem como em Baucau, resultando em ferimentos.
Além disso, a situação atual provocada pela pandemia, nomeadamente a quarentena, aumenta a pressão psicológica dos profissionais de saúde nos vários hospitais do país.
“A associação criticou fortemente e condenou a agressão física, o assédio sexual e as ameaças que os médicos e pessoal de saúde enfrentaram no exercício das suas funções”, disse o Presidente da Associação dos Enfermeiros Timor-Leste, José Dionizio Ximenes, numa conferência de imprensa, em Bidau Tokobaru, Díli.
José Dionizio referiu também que a APSTL exigiu às autoridades competentes para tomarem medidas concretas, de forma profissional e transparente, contra os responsáveis pelas agressões físicas aos dois médicos.
A associação exigiu também ao Governo que assegurasse e protegesse os profissionais de saúde durante o seu trabalho de assistência em todo o território de Timor-Leste. “Pedimos aos políticos que não misturem os serviços profissionais com política em Timor-Leste e deixem os técnicos de saúde prestarem o seu trabalho de acordo com a ciência e os seus compromissos”, sugeriu.
O responsável convidou também todas as entidades da sociedade civil para acompanharem o processo legal destes casos para que possam agir de acordo com as normas vigentes, salientado que ações de brutalidade e assédio sexual, neste caso, contra profissionais de saúde, não deverão mais acontecer no país.
“Pedimos a toda a comunidade que mantenha a confiança em nós para que possamos prestar um trabalho com profissionalismo”, afirmou.
A APSTL deu três dias aos ministérios da Saúde e Público para processarem o caso de Suai de forma legal e localizarem os responsáveis pelos atos em causa a fim de pedirem desculpa aos profissionais de saúde.
“Caso não aconteça nos dias determinados, efetuaremos uma ação pacífica e exigiremos o nosso direito de proteção de acordo com a convenção dos direitos humanos e da Constituição da RDTL. E, por último, encorajamos todos os profissionais de saúde em Timor-Leste a preservarem o espírito e a vontade de servir a nossa comunidade. Mantemos o nosso profissionalismo para servir o povo timorense”, concluiu.
Jornalista: Nelia Fernandes
Editora: Maria Auxiliadora